Cento e doze pessoas, na comuna do Egipto Praia, município do Lobito, temem pelo seu desalojamento devido às chuvas que se abatem à localidade. Embora sem registo de mortes, as autoridades locais anteciparam-se ao risco, com a criação de um centro de acolhimento em que as pessoas estão alojadas
POR: Constantino Eduardo, em Benguela
Cento e doze pessoas, na comuna do Egipto Praia, município do Lobito, temem pelo seu desalojamento das residências devido às chuvas que se abatem sobre a localidade. Embora não haja registo de mortes, as autoridades locais anteciparam- se na criação de um centro de acolhimento em que as pessoas se encontram alojadas.As chuvas que se abatem sobre a comuna do Egípto deixaram as casas em risco de desabar, razão por que um número considerável de moradores teve que abandonar as suas residências e refugiar-se no centro de acolhimento criado pela administração local, temendo que a chuva que fustigou a zona em 2016 se repetisse.
Em razão do cenário actual, a população clama por apoio e apela ao Governo a construção de casas sociais na localidade, por estar desprovida de meios financeiros. “As pessoas estão em risco, precisam de apoio. Nós, hoje, praticamente não dormimos, só com medo”, desabafou o senhor João, que assistiu impotente à destruição parcial de sua casa. “Aqui, na comuna do Egipto Praia, a chuva só iniciou ontem (dia 15), passou toda a noite abater e só acabou hoje(dia 16)”, relatou. Dona Natália Teresa teve que abandonar a sua casa, na calada da noite, por temer que o pior acontecesse. “A minha casa não está boa, por isso durmo lá em cima (referindo- se ao local onde se encontra alojada )”.
O administrador comunal, José Francisco Faria, refere que, pelas fortes quedas pluviais que se fazem sentir, foram tomadas medidas preventivas consubstanciadas na retirada das pessoas residentes em casas em risco de desabar. “Nós, em 2016, já vivemos uma situação difícil”, recorda o responsável, apontando o bairro Kakala como tendo sido o mais crítico. “Anteriormente, tínhamos 94 casas, mas depois algumas casas foram restauradas e temos 46 casas em estado de risco”, acentua o administrador, reclamando que as mesmas foram construídas em zonas consideradas de risco, porém a sua Administração, de onde retirou-as para mantê-las em locais mais seguros, a julgar pela regularidade da chuva. Em relação à carência de habitações para a população, o administrador assinala a existência de um Plano de Urbanização Municipal do Lobito destinado à comuna, já em posse do Governo Provincial, que acredita, num curto espaço de tempo será implementado. À semelhança do Egipto Praia, chove intensamente na comuna da Kanjala, entretanto à imprensa destacada no local, a Administração Comunal garantiu que não se registaram danos alguns.
Chuva e a probabilidade de surto cólera em Benguela
Antes mesmo de as chuvas se abaterem um pouco pela província toda, as autoridades sanitárias alertavam para as consequências do lixo na vida das comunidades. A preocupação, de viva voz, foi levantada pelo director do Gabinete Provincial, Manuel Cabinda, referindo que a deficiências no saneamento podem resultar em graves problemas na saúde da comunidade. “Com a época chuvosa e a falta de recolha de lixo, corremos, sim, o risco de vir a ter cólera”, prognosticou o responsável, no município do Chongoroi, insistindo, contudo, na necessidade de se apostar em acções preventivas muito específicas para que situações do género não ocorram. Nos últimos tempos, São Pedro decidiu abrir para Benguela as torneiras “dos céus”, e naquele território liderado por Rui Falcão, jorra muita água, destapando velhos problemas, designadamente a inacessibilidade e o saneamento básico. Em relação ao saneamento do meio, o facto agravou-se, recorde- se, devido à falta de regularidade na recolha de resíduos sólidos, como consequência da dívida do Governo para com as empresas operadoras de lixo.