Por não saberem que têm a patologia do VIH Sida, as crianças na sua maioria agem de forma natural, segundo a psicóloga, Amélia de Almeida. Grande parte dos menores de idades ficam a saber que têm a doença ou nasceram com ela, com 11 ou 12 anos de idade, mas outras famílias por falta de cuidado diabolizam a criança, afirmou ao OPAÍS
A questão da gestão psicológica em crianças seropositivas é ainda uma preocupação em muitas famílias, de acordo com a psicóloga Amélia de Almeida, em entrevista ao jornal OPAÍS. É de opinião que se deve realizar campanhas de sensibilização nas escolas e creches, com intuito de explicar para os mais novos o que é, de facto, a patologia de VIH Sida.
“Sabemos que falar da patologia não é uma tarefa fácil, mas o primeiro passo para aprendizado e a diminuição da descriminação é aceitar que, a nível do país, temos um número considerável de pessoas e famílias que convivem com VIH Sida”, disse Apesar de não existir ainda um estudo, Amélia de Almeida afirma que, em função do que tem observado a nível da sociedade e casos que acompanha, está ciente da necessidade urgente de se falar da patologia de forma aberta nas escolas, rav’s, igrejas teatros, etc., em todos os lugares onde há grande número de pessoas, de forma a ensinar como se deve li- dar com um portador de VIH Sida.
Como psicóloga, espera que os familiares aceitem a patologia do outro e tenham em consideração que esta pessoa vai precisar da atenção dos membros da família, isto porque “ninguém decide ser contaminado por livre e espontânea vontade”. As crianças que têm a patologia do VIH Sida, na sua maioria até aos 11 ou 12 anos não sabem que têm a doença ou nasceram com a enfermidade, pelo que agem naturalmente. Porém, outras famílias por não terem cuidado diabolizam a criança, sobretudo quando sabem que é portadora do vírus desde cedo.
Há ainda famílias que impedem o contacto entre primos, os vizinhos não deixam que os filhos brincam com a criança, situação do género ocorre muitas vezes, segundo a psicóloga. A especialista diz que o apoio dos familiares é fundamental, para além do apoio na aquisição de medicamentos, alimentação, é também essencial o afecto.
VIH Sida tem fortes implicações emocionais
Amélia de Almeida explica que sempre que se fala de VIH Sida, não se está a falar apenas de uma doença física orgânica, mas sim de uma patologia que tem implicações emocionais. Apesar de se registar em todo o tipo de enfermidade, esta, em particular, é rotulada, existe uma crença enraizada que a caracteriza como a pior praga que existe para a humanidade. A forma como é divulgada, a falta de conhecimento assertivo, isto ainda se regista actualmente.
“Ao se falar da doença, envolve mediação, para que a pessoa em si não experimente a rejeição, tendo em conta que, uma das vias de transmissão é por relações sexuais”. Na sociedade angolana, os factos ainda estão inclinados para o lado negativo, e, por conta disso, o indivíduo procura se isolar do meio familiar. A psicóloga alerta os familiares que coabitam com pessoas portadoras de VIH Sida a evitarem criar o isolamento, evitem ter que separar talheres, porque não se transmite por esta via, ou roupas. Podem dar abraços, beijos ou dormir na mesma cama.