já lá vão alguns meses desde a escaramuças do Cazenga, quando um grupo de motoqueiros, vulgos kupapatas, pretendiam libertar um dos seus companheiros de pro- fissão que havia sido detido por não se fazer acompanhar de algum documento que lhes habilitasse a conduzir o motociclo.
Desde aquela altura, quando se previa que fossem tomadas medidas que pudessem fazer com que estes jovens reflectissem sobre a necessidade de estarem habilitados – ou integrados num processo que lhes levasse a este estágio – poucos movimentos terão sido feitos.
Embora se tenha quase a certeza de que a maioria destes jovens, muitos dos quais provenientes do interior do país, necessitem somente de um posto de trabalho, do lado oposto vão-se construindo também, de forma extremamente acelerada, vários grupos que se vão posicionando como ‘autênticos fora da lei’.
Aos poucos, em locais previamente avaliados, muitos destes mototaxistas vão constituindo autênticas colónias em que nem mesmo as autoridades policiais são respeitadas. Os altos níveis de desemprego e a escassez de transportes públicos em muitas áreas parece que, aos poucos, vão conferindo uma espécie de estatuto especial em que estes podem fazer o que bem entenderem, colocando em perigo, diariamente, a vida de milhares de cidadãos que utilizam estes meios de transporte.
É ponto assente que a falta de meios de transporte vai impulsionando a utilização, cada vez mais, dos famosos kupapatas, seja em motorizadas de duas ou três rodas, mas este facto não pode servir de carta branca para que estes façam e desfaçam como bem entenderem.
É só olharmos para a configuração de algumas motorizadas, quando ao nível dos carros os motoristas não são perdoados pelos agentes da Polícia de Trânsito, para nos apercebermos de que a fiscalização dos famosos kupapatas não tem sido feita.
Muitas das motorizadas em circulação são autênticos esqueletos que estão distante dos meios originais. Sem piscas nem retrovisores, ainda assim é vê-los a circularem sem quaisquer transtornos, com muitos deles a contraporem até as acções desencadeadas pela própria Polícia Nacional quando se pretende repor alguma ordem.
Quem acompanha o que se passa em determinados municípios, sobretudo na periferia, estará convencido já de que, mais do que os benefícios que proporcionam, transportando pessoas e bens de um lado ao outro, muitos deles são hoje uma fonte de problemas. E a forma como vão aumentando, a cada dia que passa, evidencia que mais conflitos se podem avizinhar no futuro, caso as autoridades não ponham cobro ao que vamos observando todos os dias, mesmo sendo um atropelo à lei