A organização do evento já está a pensar nos preparativos da próxima edição, que será extensiva às outras províncias, com mais filmes, mais salas e mais debates à semelhança do recém-efectuado “Balão de Ensaio”, na cidade do Lubango, Huíla
Os auditórios Pepetela, do Centro Cultural Português, e BAI, da Académia com o mesmo nome, foram, desde o dia 30 de Março, os pontos de convergência de várias entidades, entre as quais cinéfilos, cineastas, escritores, artistas, estudantes e público em geral, ao acolher a II Edição do DocLuanda, o maior Festival Internacional de Cinema Documental.
Dezenas de pessoas fizeramse aos locais para se deleitarem com o grande espectáculo da sétima arte, em matéria documental vinda de diferentes posições, conhecer os seus artífices, debater e trocar impressões neste domínio.
Sete películas finalistas, das quais “O Estigma do Albinismo em 13 de Junho”, de Lauro Cassule, “Histórias da Pesca em Atrás das Redes”, de Sandra Saquita, “Tradição em Era uma Vez”, de Mokoto Praia, e “As autarquias em Histórias do Kakwaku”, de realização colectiva, foram exibidas no evento que, durante sete dias, procurou introduzir algumas inovações no seu formato.
Todas as sessões foram gratuitas para permitir que as pessoas interessadas pudessem fazerse ao espaço para assistir e participar nas actividades agendadas para o efeito.
O festival, agora reforçado com novos parceiros, como a Fundação BAI, o GPL, o Novo Jornal, além do Camões Centro Cultural Português e BFA, permitiu que a organização do certame conseguisse desenvolver também a ideia de sair de Luanda e estendê-lo à cidade do Lubango, numa acção que ocorrerá entre os dias 13 e 16 do mês em curso.
Salto qualitativo
Em declarações a OPAIS, o director do festival, Fernando António, referiu que a presente edição do DocLuanda representa, para a organização, um salto qualitativo em relação a edição passada, uma vez que, este ano, tem mais filmes e mais duas salas com sessões gratuitas que permitiram a que todas as pessoas interessadas tivessem acesso ao certame.
O também cineasta, que por sinal é autor de três livros sobre “A história do Cinema Angolano”, realçou que o DocLuanda é um festival aberto não só a cinéfilos, mas também a todos os que se interessam pelo cinema e audiovisual.
Até ontem, Quarta-feira, o penúltimo dia do festival, que hoje termina, foram exibidos nas sessões especiais de competição internacional os filmes brasileiros “Memórias do Fogo”, de Rita Santos, “Diálogos com Ruth de Souza”, de Juliana Vicente, “Fantasmas do Império”, de Ariel de Bigault e “A Casa da Rosa”, de Rosa Coutinho Cabral.
Na competição nacional estiveram os filmes “Era uma Vez”, do realizador Mocotó Praia, “13 de Junho”, de Lauro Cassule, “Atrás das Redes”, de Sandra Saquita e “Sol Z” do realizador David Nahenda.
Dia antes, na Terça-feira, a festa do cinema prosseguiu com sessões competitivas internacionais e nacionais, com destaque para os filmes “Meteorang Kid”, de Marcel Gonnet e na competição nacional o filme “Histórias do Kakuwaku, uma realização colectiva.
Ainda na quarta-feira, a par do cinema, as atenções do público e da organização estiveram viradas à mesa redonda sobre “Produção de Documentários”, com Tatiana de Morais, directora provincial da Cultura de Luanda, Kamia Madeira, administradora da Fundação BAI, o cineasta e director do DocLuanda, Jorge António, o produtor Jorge Cohen e os realizadores Kamy Lara e Nguxi dos Santos.
Os debates centraram-se no Espaço Camões, em directo para o parceiro média LAC Luanda Antena Comercial, em torno da mesa redonda sobre os festivais de cinema em Luanda, com os cineastas Jorge António, Edgar Carvalho, Vana Fest e Vânio Luis e a produção de documentários em Angola.
“Este ano continuamos também com as exposições e a Feira do Livro e do DVD que foi de muito agrado junto do público na primeira edição”, disse Jorge António.
Este ano, a II Edição do DocLuanda, rendeu singela homenagem a Óscar Gil pelo seu contributo ao longo da sua carreira em prol do panorama do audiovisual em Angola.
O festival
O DocLuanda é um evento inédito em Angola, direccionado para o cinema documental onde só existiu um festival internacional generalista.
A proposta na realização do Doc Luanda tem um fundo pedagógico e servirá para incentivar o intercâmbio cultural, estabelecer uma visão contemporânea do mundo e de Angola, através do cinema e da sua história, contribuindo, desta forma, para o futuro do panorama do cinema angolano.
É de periodicidade anual e nas próximas edições continuará a estender a sua acção a outras vertentes artísticas, podendo integrar também na sua programação concertos, exposições, artes performativas entre outras formas de expressão artística que melhor representam a cultura angolana.
O evento foi idealizado e programado pelo cineasta Jorge António, em parceria com o Camões e a Fundação BAI e produzido pela CRIACOM//BCC e Mukixe Produções Lda.