Uma equipa do Fundo Global, que esteve a trabalhar no país, anunciou o aumento na ordem dos USD 44 milhões sobre os 82 milhões disponibilizados, para o combate à Malária, à SIDA e à tuberculose, entre 2020 e 2023, de acordo com o presidente da ANASO, António Coelho
O responsável da Rede Angolana das Organizações de Serviços de Sida, Tuberculose e Malária (ANASO), que falava para o jornal OPAÍS, explicou que o grupo desta instituição internacional procedeu à visita das províncias de Luanda, Cuanza Sul e de Benguela entre os dias 27 e 31 de Março último. António Coelho adiantou que, durante a digressão por estas províncias, os representantes do Fundo Global se mostraram satisfeitos, principalmente com o diálogo nacional inclusivo e participativo que testemunharam nestas partes do país.
As intervenções comunitárias que estão a acontecer nas províncias de Benguela e do Cuanza Sul deixaram os membros que compõem a equipa, igualmente, satisfeitos, levando-os ao anúncio para um aumento de cerca de 52 por cento da alocação, se comparado ao financiamento anterior. “Nessa altura, Angola recebeu uma nova carta de alocação para os próximos três anos 2024- 2027, onde o Fundo Global faz um acréscimo do valor disponível para o país, que sai de USD 82 milhões, para 126 milhões. Por- tanto, é um acréscimo de cerca de 52 por cento”, avançou António Coelho.
No entanto, este responsável explicou que, do ponto de vista de personalidade e, sobretudo de dignidade, com este aumento o país não transmite uma imagem positiva na arena internacional. O líder da ANASO fez esta consideração por entender ser de particular importância que o Executivo estabeleça caminhos que criem condições que visam alcançar, cada vez mais, a diminuição da dependência de contribuição de instituições internacionais de respostas a essas doenças, e nunca o contrário. “Aumentar a dependência demonstra que há alguma incapacidade do Governo e do Estado, na gestão de resposta a essas três doenças: SIDA, Malária e Tuberculose”, disse.
Aumento da verba revela confiança
As declarações de António Coelho foram feitas, sem, no entanto, deixar de reconhecer que as contribuições de instituições como o Fundo Soberano constituem sempre um ganho para o país a considerar as limitações que o Governo ainda apresenta no sentido de imprimir respostas às doenças. “Temos de continuar a contar com o apoio de organizações internacionais. E, quando estas, como é o caso do Fundo Global, aumentam os fundos de 82 para 126 milhões, isso demonstra, claramente, uma maior confiança, na gestão dos fundos por parte do parceiro, no caso o Estado angolano” sublinhou.
António Coelho frisou, também, que esta nova abordagem, numa vertente sub-nacional, carrega consigo resultados encorajadores, nessa fase actual, que julgou ser de consolidação e continuidade, nas províncias de Benguela e do Cuanza Sul, com a possibilidade de expansão para uma possível terceira. O responsável referiu que, nesse momento, é possível apontar-se para vários ganhos, nesses termos, apesar de considera-los frágeis, mormente, por conta de se verificar que 50 por cento do orçamento tem sido ainda destinado a produtos de saúde.
“É tempo de ‘desospitalizar’ as acções e priorizar a prevenção com foco nas intervenções comunitá- rias”, alertou. A equipa do Fundo Global, que esteve a visitar o país, na ponta final de Março último, no sentido de fazer uma avaliação sobre os financiamentos que tem estado a disponibilizar a favor do país, realiza a sua próxima missão entre 9 e 18 de Maio deste ano.