De 24 anos de idade, mãe de três filhos, faz da zunga o ganha pão para a sua família. Paulina Afonso trilha todos os dias as ruas dos bairros Sapú e Calemba- II vendendo pão
POR: Brenda Sambo
É franzina, cabelo castanho, dinâmica e sempre atenta, encontramo- la numa manhã de sol ardente no bairro Calemba-II. Neste dia, trazia uma bacia de cor vermelha sobre a cabeça e um bebe de menos de um ano nas costas. No primeiro contacto, Paulina Afonso disse-nos que começa a sua actividade pouco depois das às 4h00, quando se levanta para ir comprar pão na padaria do Kimbango, junto à escola da Ana Paula. Lá, adquire 100 pães no valor de 3.000 Kwanzas, que depois da revenda lucra 1.500 Kwanzas.
Apesar das dificuldades, exposta ao sol, à poeira e a corrida dos fiscais não aceita voltar para casa sem terminar de vender o negócio. Segundo explicou Paulina, a falta de dinheiro impede de ter a sua bancada e vender num local fixo. Apesar de passar grande parte do dia na zunga, Paulina não se esquece de fazer os deveres de casa, designadamente, cozinhar, engomar e lavar a roupa dos três filhos e o marido que trabalha como segurança num armazém. “Quando termino vou para casa arrumar, fazer o almoço e às vezes ainda sobra tempo para lavar a roupa do marido e das crianças”, disse, sublinha que todos os dias, por volta das 12 horas vai para casa para cumprir com o dever doméstico.
A actividade de Paulina Afonso não pára por aí. Depois de fazer os deveres de casa, a zungueira volta às 15 horas à padaria para adquirir outra quantidade de pão. Quando não termina de vender o produto até às 18 horas, opta por guardá-lo e vendê-lo no dia seguinte. Paulina vive há quatro anos em Luanda, no bairro do Sábado com o marido e os três filhos e é proveniente do Buenga, província do Uíge, onde saiu em 2014 à procura de melhores condições de vida. Com o dinheiro que consegue, Paulina compra comida para casa e paga o colégio do filho de 9 anos de idade.