O sector da saúde em Benguela aponta a instalação dos três centros de hemodiálise na província como um dos principais ganhos obtidos nesses 21 anos de Paz e Reconciliação Nacional. À conversa com o jornal O PAÍS, o director do Gabinete Provincial da Saúde, o médico Manuel António Cabinda, refere que as unidades sanitárias evitaram saídas constantes de angolanos para o exterior à procura de saúde, tendo sublinhado, igualmente, a forte aposta na componente de formação de quadros
Os angolanos de Cabinda ao Cunene- celebram hoje, 4 de Abril, Terça-feira, 21 anos desde a assinatura dos acordos de Luena que pôs fim à guerra que, durante anos, punha irmãos da mesma Mãe-Pátria desavindos. Hoje, conforme tem sido sublinha- do por especialistas e governantes, os angolanos estão a escrever uma nova história, uma vez que a guerra é, como sublinham, para esquecer.
O director do Gabinete Provincial da Saúde, médico António Manuel Cabinda, traça comparações e assina-la que o seu sector tem estado a crescer em vários domínios, mas decide ater-se, fundamentalmente, no investimento feito no segmento das hemodiálises, sem perder de vista o sector primário. Nos 21 anos de Paz, com desta- que para os últimos dez anos para cá, Benguela ganhou três centros de hemodiálise de elevada importância, tais são os casos, por exemplo, como cita Manuel António Cabinda, dos de Benguela (dois) e Lobito (um).
Num passado recente e, ao que tudo indica, para esquecer – alguns cidadãos viam-se obrigados a recorrer a outros países à procura de saúde, sobretudo neste quesito de diálise. Hoje, acentua o entrevistado deste jornal, o quadro inverteu-se completamente e os pacientes dispõem de infra-estruturas modernas para o tratamento. “Já temos médicos nefrologistas nacionais tanto no centro de hemodiálise no município de Benguela como no centro do município do Lobito. Também está a ser possível estendermos a rede de hospitais, concretamente hospitais novos.
Tivemos o caso do Hospital Municipal da Baía- Farta, o Hospital Municipal do Chongorói e continuamos com o processo de modernização e apetrechamento das outras unidades hospitalares que já existem”, esclareceu acrescentado, que a construção de vários postos de saúde, vai permitindo, deste modo, reduzir a distância percorrida pela população para ter acesso aos serviços de saúde. “Realizamos os maiores concursos públicos de todos os tempos”, gabou-se o responsável.
Formação de quadros
Num outro capítulo da sua alocução, desta feita a relacionada com a formação de quadros, António Manuel Cabinda coloca acento tónico no facto de, anteriormente, os médicos nacionais terem sido, maioritariamente, de clínica geral e, hoje, o quadro já se afigura diferente, por formarem-se médicos especialistas para várias especialidades.
“Hoje já temos ortopedistas, internistas, pediatras, gineco-obstetra, etc.
Os médicos são nacionais, forma- dos cá, em Angola. Há a extensão da assistência pré-hospitalar, concreta- mente o INEMA. Portanto, ainda continuamos a trabalhar para ver se conseguimos estender para os mais diversos municípios”, elenca. Como não podia deixar de ser, António Manuel Cabinda reconhece haver ainda muitos desafios, mas refere que, se se mantiver nesse caminho, está em crer que se vai seguir a uma direcção certa rumo ao desenvolvimento de que se precisa.
“Nós tínhamos especialidade fundamentalmente de ginecologia-obstetrícia, pediatria e cirurgia geral, mas havia muitas outras que faziam falta, e conseguimos já formar, como é o caso de cirurgiões maxilo-facial. Estamos a terminar a formação de cardiologistas. No período da Covid, como puderam perceber, demos conta que havia muita falta de médico intensivistas e, nessa altura, também já estamos a formar”, declara.
POR: Constantino Eduardo, em Benguela