Angola assinala, hoje, vinte um anos de paz efectiva, acto realizado na Assembleia Nacional, em Luanda, entre o Governo e a UNITA, num contexto em que o desporto também jogou um papel importante na inclusão social dos cidadãos nacionais
Angola, país que conquistou a Independência em 1975 do século passado, assinala hoje 21 anos de paz efectiva em razão dos acordos rubricados, em 2002, na Assembleia Nacional, em Luanda, entre o Governo e a UNITA.
Após a assinatura desse processo, Angola teve a necessidade de se impor no mundo em vários domínios, por isso a reconstrução nacional foi a mola impulsionadora e daí o desporto também ocupou o seu lugar.
Assim, as infra-estruturas desportivas herdadas da era colonial resistiram no tempo e cumpriram objectivamente o seu papel, sendo certo que deram alegrias ao povo dentro e fora do país.
Por isso, em 2008, Angola entrou na corrida para organizar o CAN2010, entretanto, com um caderno de encargos bem definidos, bateu a concorrência dos países com os quais concorria.
A Confederação Africana de Futebol (CAF), na altura presidida por Issa Hayatou, deu luz verde à diplomacia “angolense”, e no plano da reconstrução nacional houve a necessidade de se construír estádios de raiz em quatro províncias que acolheram a prova.
Em Luanda, mesmo com a Cidadela e os Coqueiros, ambos da era colonial, “nasceu” o Estádio 11 de Novembro, um palco construído com os requisitos exigidos internacionalmente e com capacidade para 50 mil espectadores, onde na final do CAN-2010 desfilaram grandes artistas do futebol africano.
Na província de Benguela, o Estádio de Ombaka, com capacidade para 35 mil lugares, deu resposta e solução aos clubes que, actualmente, operam no Campeonato Nacional.
O Estádio da Tundavala, na cidade do Lubango, província da Huíla, com capacidade para vinte mil espectadores, ocupou umas das séries do Campeonato Africano de Futebol.
Nos últimos tempos, sofreu algumas obras de restauro, sendo que neste momento aguarda pelo aval da CAF para receber jogos nacionais e internacionais nos próximos tempos.
Em Cabinda, o Estádio do Chiazi, com capacidade para 20 mil lugares, recebeu também grandes estrelas do futebol africano, mas, depois da festa do desporto-rei, foi votado ao abandono e agora beneficia de obras para voltar a animar os cidadãos da província mais a norte do país.
Nesse mesmo período, sob a organização do Afrobasket 2007 no país, as infra-estruturas para a prática das modalidades de sala também ganharam um aumento.
Foi assim que o Governo angolano construiu pavilhões multiusos de raiz na cidade Benguela, Huambo e Cabinda, porém os mesmos receberam a festa da bola ao cesto que Angola conquistou com nomes que fizeram eco dentro e fora do continente africano.
Outras modalidades
No que concerne às modalidades de sala, Angola voltou a construir pavilhões de raiz para a organização do Mundial de hóquei em patins que a cidade do Namibe e Luanda acolheram, em 2011.
Deste modo, a Arena do Kilamba tem sido o cartão-de-visita das demais competições que o país acolhe nos últimos anos, aliás não se pode esquecer que a província de Malanje também ganhou um pavilhão de raiz, Palanca Negra.
Após o período da construção das infra-estruturas, as modalidades individuais e colectivas inscreveram o seu nome no estrado de medalhas das competições africanas.
Em 2013, Angola conquistou o Afrobasket que a cidade de Abidjan, Cote d’Ivoire, acolheu. Nesse ano, Paulo Macedo era o técnico e Carlos Almeida era o capitão da Selecção Nacional.
O base do 1º de Agosto, Hermenegildo Santos, após Miguel Lutonda abandonar os campos, foi estreante e com a experiência de Armando Costa, também da equipa militar, regressaram ao país com medalha de ouro ao peito.
O andebol feminino, por ser uma das modalidades mais ganhadoras, em sede da paz que se vive no país desde 2002, conquistou o Campeonato Africano que a República do Congo organizou.
Nesse mesmo período, o desporto paralímpico, após o velocista angolano e campeão olímpico em Atenas 2004, José Sayovo, ter ganhado o ouro, a Selecção Nacional de futebol adaptado, venceu o Mundial que o México acolheu.
De regresso ao país, os atletas foram recebidos como heróis, visto que levaram o troféu à Cidade Alta para mostrar ao Presidente da República, João Manuel Gonçalves Lourenço.
Ainda no ano seguinte, no Africano de futebol adaptado, que a província de Benguela acolheu, Angola conquistou a prova, batendo Moçambique na final por cinco bolas a três.
Em 2021, o piloto angolano Victor Barros venceu a copa Dunlop Motors nos 600 cc em motociclismo, em Estoril, Portugal, após várias participações no desporto motorizado.
O andebol feminino voltou a dar alegria aos angolanos em 2022, dessa vez no Senegal, onde conquistou o Campeonato Africano com uma selecção mais renovada, mas sempre com os mesmos objectivos, vencer.
Para fechar o ano de 2022, a Selecção Nacional sénior masculina de basquetebol carimbou o passe para o Mundial que o Japão, as Filipinas e a Indonésia vão organizar este ano.
No desporto ciência, a xadrezista angolana, Luzia Pires, venceu o Africano de xadrez da Zona 4, no ano passado, após várias presenças em provas do género no continente.
Entre outros assuntos que não foram passados aqui em revista, cumpre lembrar que a paz, por ser um bem inalienável para os angolanos, associado ao desporto, continua a ser um elemento integrador para a vida dos cidadãos.