“Sendo que a referida instituição do ensino primário possui seis salas de aula, devia possuir, ao menos, 12 professores, sem contar com os membros de direcção”, segundo o director da escola 5083, Domingos Adão Pedro.
POR: Alberto Bambi
A escola número 5083 situada na localidade de Mbanza Calumbo, município de Viana, em Luanda, funciona apenas com quatro professores, uma situação que provoca, ora a falta de aulas junto a metade dos alunos matriculados em 2018, ora a sobrecarga nos docentes, que se vêm obrigados a dobrar o trabalho, em turnos e em classes diferentes. “De momento, por amor às crianças, nós temo-nos sacrificado, assumindo duas salas ao mesmo tempo, ou então, dando aulas de manhã e à tarde”, revelou Domingos Adão Pedro, tendo acrescentado que ele mesmo se desdobra em leccionar no período da tarde, em salas da 4ª e 5ª classe.
Esta estratégia encontrada pelo líder do estabelecimento de ensino, remete-o a dar a aula numa sala, enquanto noutra os alunos apontam os conteúdo escritos no quadro, uma actividade que intercala com a recomendação de uma cópia da matéria dada, feita a partir dos manuais das referidas classes. O exemplo do director é seguido por um dos quatro professores da escola, ao atender as seis salas, nos dois períodos, sendo que os docentes que aceitam essa condição preferem fazê-lo em períodos diferentes. Apesar do esforço do colectivo da escola, as duas turmas da 1ª classe acabam por ficar sem aulas. “Muitas vezes, eu tenho que entrar nas salas dessas crianças para não ficarem desocupadas”, revelou o director, ressaltando que, deste modo, ocupa- se de quatro salas de classes diferentes. Domingos Pedro, que desde 2006 está em serviço na escola 5083, frisou que a falta de professores é um problema antigo.
Contudo, nos últimos cinco anos, a escola ainda chegou a possuir seis professores, uma situação em seu entender, já minimizava o problema, pois que, ao menos no período da manhã, as seis salas ficavam cheias. No fim de 2017, dois professores serviram-se do facto de terem concluído cinco anos de serviço na instituição que dirige, para solicitarem as suas transferências para as escolas de outras paragens de Luanda, uma vez que residiam no casco urbano da capital. As tentativas de solicitação de mais docentes, por via do preenchimento do plano de necessidades que é temporariamente solicitado pelos dirigentes da educação, ao nível do município de Viana, tem ficado pelas promessas. “Já estamos habituados a esperar pelas promessas que não se concretizam, mesmo assim, damos sempre o nosso grito de socorro para preenchermos o nosso quadro de pessoal”, realçou o responsável da escola de MBanza Calumbo.
Coordenação discute com administração
Há algum tempo que a comissão de moradores vem admitindo a hipótese de conduzir o assunto às instâncias superiores, mas a solução está sempre por chegar, segundo revelou Faustino Modesto, o coordenador do bairro MBanza Calumbo. “Temos feito tudo com os administradores que passam pela comuna de Calumbo, com os homens ligados ao ensino, mas o resultado do nosso esforço tem ficado apenas pelas promessas”, desabafou o coordenador, tendo asseverado que, para si, torna-se difícil acreditar que os dirigentes estão descansados, assistindo crianças de seis anos sem aulas. Alberto Afonso, residente no bairro, ressaltou que os encarregados de educação já se reuniram para reivindicar junto da direcção da escola e da coordenação, entretanto o quadro não se altera. “Aliás, a cada ano que passa, piora, porque mesmo, os professores que se transferiram, não vinham todos os dias dar aulas”, queixou-se.
“ADPP minimizaria”
O director da 5083 apontou que uma das alternativas para reverter o quadro actual, enquanto os concursos públicos no MBanza Calumbo são esperados, passa por fazer um acordo com as Escolas de Professores do Futuro da ADPP, no sentido de esta enviar, anualmente, os seus estagiários à essa zona ribeirinha de Viana. “Alguns directores de outras escolas primárias dos arredores têm tido a felicidade de serem contemplados com a presença de educadores da ADPP, que, em cada ano lectivo, colmatam a escassez de efectivos do Ministério da Educação. Segundo Domingos Pedro, a carência de professores nas escolas primárias, na comuna de Calumbo, já representou um problema global, ao ponto de afectar as escolas da sede comunal.