POR: Domingos Bento
O secretário-geral da ANASO, António Coelho, fez saber que nos últimos anos a sua organização tem registado, com satisfação, uma redução considerável dos níveis de discriminação e preconceito contra as pessoas infectadas com o vírus da SIDA. De acordo com o responsável, os níveis de discriminação caíram de 75 para 25 por cento em 2017. Este feito, conforme explicou, deveu-se às intensas campanhas e programas de sensibilização junto das comunidades.
Segundo o responsável, que falava ontem ao OPAÍS à margem do acto de lançamento da campanha “Zero Discriminação”, apesar das dificuldades financeiras que os programas de luta contra a SIDA têm vindo a enfrentar, devido à crise que o país atravessa, está em curso, para os próximos tempos, a implementação de mais campanhas e projectos com vista a reduzir, cada vez mais, os níveis de discriminação. Para António Coelho, a redução que se regista ainda não é a desejada, mas a necessária, a julgar pelo impacto que a epidemia tem causado no seio das famílias e da sociedade. “A nossa meta é reduzir ao máximo os níveis de discriminação.
As pessoas vivendo com HIV/SIDA devem ser tratadas da mesma forma que é tratada uma que não tenha. Apesar de estar infectado com uma doença crónica, um seropositivo é, antes de tudo, um pai, um profissional e um chefe de família que merece ser tratado com o mesmo respeito e dignidade”, frisou. Com o país a registar um número entre os 350 a 500 mil pessoas atingidas pela epidemia, o secretário da ANASO avançou que, com a campanha “Zero Discriminação”, pretende-se a atingir o nível zero nos níveis de discriminação. Para o efeito, foram mobilizados mais de 100 activistas que, até ao dia 9 deste mês, passarão por diversos bairros, empresas, escolas e outros locais públicos de forma a mobilizar todos em torno do mesmo objectivo. Na actividade de ontem, mais de duas mil pessoas foram sensibilizadas com programas e distribuição de panfletos que apelam à não discriminação e por um maior respeito para com os seropositivos.
A referida campanha, que foi lançada em parceria com a União Europeia, ONUSIDA e outros parceiros, visa alcançar as metas 90-90-90 até 2020 e acabar com a epidemia da SIDA até 2030, no âmbito dos Objectivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS). A iniciativa é celebrada mundialmente com uma reflexão sobre os direitos de todos à uma vida plena e produtiva com dignidade. “É possível atingirmos o nível zero. O que é preciso é educar as pessoas de forma a fazê-las compreender que podemos conviver na diferença. E estamos a caminhar bem neste sentido. Anteriormente, o seropositivo escondia-se da sociedade por medo de sofrer abusos e até mesmo violência. Mas hoje já há uma abertura considerável”, concluiu.