Desta vez, o estabelecimento de ensino sob a égide das Irmãs ganhou um bloco com nove salas de aulas e sessões de experiências laboratoriais orientadas, a fim de suscitar o gosto dos rapazes para o ramo das engenharias
Por: Alberto Bambi
A escola católica Dom Bosco, localizada na rua dos Pescadores, vila de Cacuaco, município com o mesmo nome, em Luanda, viu assegurada a ajuda referente à construção e apetrechamentos do recinto escolar, graças a um grupo de mulheres estrangeiras, maioritariamente embaixatrizes, que se encarregam de atrair patrocínios de grandes empresas para causas sociais.
“Esta é uma organização composta por mulheres estrangeiras voluntárias para acudir a algumas necessidades urgentes de grupos sociais considerados como vulneráveis e outros bem identificados”, disse Margaret Mueller, embaixatriz da Alemanha, tendo esclarecido que senhoras com outras categorias podiam integrar a referida equipa.
Margaret Mueller realçou que em Angola existem muitas comunidades com carências visíveis, sendo que entidades individuais ou colectivas, como são os casos das religiosas, colocam-se ao serviço das mesmas, albergando os seus filhos em escolas, orfanatos, internatos e, ou, casas de acolhimento, restando às organizações mais endinheiradas fazer o resto.
Aliás, foi o facto de já haver estas estruturas de acolhimento organizadas que moveu e comoveu o espírito das embaixatrizes, de acordo com Margarida, a esposa do embaixador de Portugal. “Como estas organizações já tiveram a capacidade de se reunir e pautar por um ritmo de convivência aceitável, nós sentimo-nos motivadas a ajudá-las naquilo que pode fazer andar o seu projecto social educativo”, explicou a embaixatriz das “terras de Camões” detalhando em seguida alguns pormenores do seu grupo.
A embaixatriz revelou que o Clube de Amizade foi oficializado em 1995 e dificilmente teve mais de 30 membros, porque, à medida que as missões dos embaixadores e outros estrangeiros terminam, as esposas vêem-se obrigadas a deixar Angola. Por esta razão, a organização vai-se abrindo a outras estrangeiras que não são embaixatrizes, para que o clube tenha sempre pessoas a passar o testemunho.
No dia desta reportagem, na semana finda, a equipa dessas mulheres contava com 28 membros, de acordo com Vanessa de Oliveira, a portuguesa que, apesar de não ser embaixatriz, detém um cargo importante entre as amigas, um estatuto que pediu para não ser exposto. Relativamente ao apoio que o Grupo de Amizade atraiu, desta vez, para a escola Dom Bosco, Margarida salientou que a instituição estava a precisar de meios e dinâmicas de ensino que acelerassem, cada vez mais, as aprendizagens das crianças, ao ponto de despertar nas mesmas o interesse das suas vocações académico-profissionais.
Assim sendo, as crianças do ensino primário, sobretudo as da 4ª Classe, que compuseram em maioria a biblioteca local, beneficiaram do privilégio de serem elas a entregarem os livros anteriormente doados pelos patrocinadores, tendo participado, de forma indirecta, na arrumação em série dos referidos materiais didácticos na livraria da escola.
Madres prevêem melhor aproveitamento
Com a entrega dos dois mil livros e 300 quites didácticos feitos, recentemente, à escola Dom Bosco, a direcção do referido estabelecimento de ensino prevê o melhoramento do aproveitamento escolar por parte dos alunos. Tal perspectiva foi anunciada pela Irmã Assunção, da escola, que salientou o aspecto segundo o qual as crianças aprendiam mais, se os meios de ensino fossem bem selecionados e adequados ao contexto da localidade, sem se perder de vista os avanços tecnológicos.
A Irmã São, como é carinhosamente tratada entre professores e suas companheiras de congregação, confirmou a entrega do Clube de Amizade e seus parceiros que resultou na construção de um bloco composto por nove salas de aulas, tendo elevado para 19, somando as 10 das estruturas iniciais.
Professores louvam laboratórios abertos
Já a classe docente de Dom Bosco enalteceu a iniciativa da SIEMENS que orientou uma sessão de aulas de laboratórios em que ensinou as crianças a manejarem pequenos motores movidos a pilhas. “Um simples papel dobrado ou rasgado em jeito de uma ventoinha foi colocado sobre um dínamo que provocou o movimento rotativo, por estar ligado a uma bateria alternativa (pilha) ”, recordou o professor Nascimento, para mostrar a sensação das aprendizagens dirigidas a partir de brincadeiras já habituais entre petizes.
O ensinamento foi dirigido aos alunos da 2ª, 3ª e 4ª, a fim de incentivá-los a optar pelas áreas da tecnologia, como disse o docente, que justifica tal fim pelo facto de se estar a viver uma era de tecnologias.
Experiências animam petizes
Depois das demonstrações feitas pela equipa da SIEMENS com agusta presença das representantes do Clube de Amizade, os alunos da 4ª classe conversavam sobre a experiência vivida, cada um puxando o protagonismo para si em certos pormenores narrados.
A pequena Larissa Kyeza Barros Sebastião, de nove anos de idade, frequenta a 4ª Classe e falava com as suas colegas sobre a ventoinha improvisada de papel que rodava de forma irregular.
“Tinham de endireitar e cortar bem o papel, para rodar direito”, referiu Larissa, enquanto desatava a rir, um gesto acompanhado pelas suas colegas e amigas. Por sua vez, Márcio Feliciano da Costa e Anderson falaram sobre as entrevistas de que foram alvos, adiantando que a referida dinâmica ajudou-os a falar dos seus sonhos.
A participação dos pequenos no processo de arrumação dos livros na biblioteca deu-lhes confiança, ao ponto de dizerem que daquele momento em diante iam sentir-se mais à vontade na biblioteca, sobretudo quando estivessem em contacto com os manuais.