A nota dominante é a chuva que não dá tréguas e a chegada de cada vez mais gente, mesmo que para tal se tenha de passar por peripécias. A organização calcula que estejam em Ntaya milhares de peregrinos, alguns deles chegados do estrangeiro
Por: André Mussamo, enviado a Maquela do Zombo
Arranca hoje na localidade do Ntaya a Conferencia Internacional sobre a vida e obra do profeta Simão Gonçalves Toco, enquadrada nas festividades do centenário do seu nascimento, a celebrar-se a 24 do mês corrente. Em Ntaya estão já milhares de peregrinos tocoistas, assim como os prelectores e representantes internacionais vindos de diferentes igrejas desta denominação religiosa pelo mundo. Dom Afonso Nunes, líder tocoista, esclareceu que o objectivo principal da conferência é levar ao conhecimento dos peregrinos, comunidade nacional e internacional os feitos do profeta Simão Gonçalves Toco e a sua vida e obra.
“Quando se fala do pan-africanismo esquece-se, quase sempre, da figura de Simão Gonçalves Toco, uma das pessoas que esteve também associada a este movimento”, lamentou o clérigo que vê na realização deste evento uma oportunidade para “trazer a verdade sobre esta figura nas várias dimensões, entre profética, patriótica e outras”. Afonso Nunes está convencido de que a conferência é um ganho não só para os tocoistas, mas também para todo o país.
“Quando um país tem uma igreja que se expande pelo mundo, os seus cidadãos têm motivos para se orgulhar disso, pois a prosperidade de um povo depende da forma como este trata e venera os seus antepassados”, asseverou o religioso. O bispo Afonso Nunes agradeceu o apoio do Governo provincial do Uíge que apesar das dificuldades “tem na medida do possível, apoiado o evento”.
Don Afonso estende os seus agradecimentos ao Presidência da Republica que disponibilizou três camiões de produtos diversos, entre bens alimentares, colchões e outros em apoio a este grande ajuntamento de fiéis religiosos. A principal atracção do dia de ontem foi a visita à localidade de Zulumongo, 14 quilómetros de Ntaya, sem acesso a veículos automóveis.
Na localidade nasceu o fundador do tocoísmo, Simão Gonçalves Toco, e os fiéis crentes tiveram de caminhar a pé para chegar ao local e prestar a sua homenagem. Os tocoistas reclamam um maior reconhecimento dos feitos do religioso e nacionalista. Para eles, Toco é uma figura que deve ser estudada nas mais variadas dimensões desde a religiosa, como a política e social, com destaque para o papel desempenhado no despertar das consciências dos africanos.
“O mundo tem mais facilidade em reconhecer um santo de origem europeia ou americana do que africana, esquecendo-se de que neste continente também surgiram homens que se dignificaram ao longo da sua trajectória”, frisou o actual líder dos tocoistas.
Afonso Nunes referiu que a missão dos tocoistas, enquanto religião genuinamente africana e fazendo jus à sua denominação, “Igreja de Nosso Senhor Jesus Cristo no Mundo”, é de retornar o evangelho aos países de onde saiu para o continente africano mas agora como que numa outra vertente.
“Os europeus usaram o evangelho como forma de colonização dos povos africanos, enquanto a Igreja Tocoista está a divulgar as mesmas escrituras mas na vertente de libertação do homem em todos os domínios”, sentenciou o clérigo.