Um novo relatório da UNICEF revela que todos os anos morrem 2,6 milhões de bebés com menos de um mês de idade, 1 milhão dos quais morrem no dia de nascimento, sendo os outros 2.6 milhões nados-mortos. Segundo o Fundo das Nações Unidas para a Infância, 80% das mortes devem-se a nascimentos prematuros, complicações durante o parto ou infecções como a pneumonia e septicemia
Em “Todas as vidas contam — A urgente necessidade de pôr fim à morte de recém-nascidos”, a UNICEF indica que a sobrevivência de recémnascidos está em grande medida relacionada com o nível de rendimento.
Em países onde o rendimento é elevado, a taxa de mortalidade média de recém-nascidos (isto é, o número de mortes por cada mil partos) é de apenas três. Nos países em que o rendimento é mais baixo, o número sobe para uma média de 27 por cada mil. A probabilidade de os bebés que nascem nos países mais inseguros morrerem é 50 vezes maior, comparativamente com os bebés nascidos em locais mais seguros.
Apesar do número de mortes em bebés entre um mês e cinco anos ter reduzido consideravelmente, o número de bebés que morre com menos de um mês ainda se mantém elevado — todos os dias morrem 7 mil recém-nascidos.
De acordo com a organização, a razão para estes números prende-se com o facto de a questão não poder ser resolvida apenas com medicamentos ou com intervenções individuais, requerendo antes uma abordagem a nível sistémico.
Os bebés com melhores probabilidades de sobrevivência são aqueles que nascem no Japão, na Islândia e em Singapura, onde as taxas são de 1 em 1.111, 1 em 1.000 e 1 em 909, respectivamente.
Por oposição, o Paquistão, com uma morte em cada 22 partos, a República Centro-Africana, com 1 em 24, e Afeganistão, com 1 em 25, são os países com piores probabilidades de sobrevivência. Portugal, por sua vez, tem uma taxa de mortalidade de recém-nascidos de 2,1.
Oito dos dez países mais perigosos para se nascer são da África Subsariana, sendo um deles a Guiné-Bissau, que se encontra em sexto da lista com uma taxa de uma morte a cada 26 partos. Isto deve-se ao facto de a pobreza, os conflitos e a falta de infraestruturas impossibilitarem que muitas grávidas sejam assistidas durante o parto.
Segundo a UNICEF, milhões de crianças poderiam ser salvas se mães e bebés tivessem assistência médica de qualidade e a um preço acessível, boa nutrição e água limpa, cuidados básicos que dizem estar “fora do alcance” de quem mais precisa.
O nível de acesso a serviços de saúde para mães e recém-nascidos “correlaciona-se fortemente” às taxas de mortalidade dos países. Por exemplo: a Somália, país em que um bebé recém-nascido morre em cada 26 partos, o número de médicos, enfermeiros ou parteiros para cada 10 mil pessoas é de apenas um.
Na Noruega, em que morre apenas um bebé a cada 667 partos, o número é de 218 médicos, enfermeiros ou parteiros para cada 10 mil pessoas. No relatório, a UNICEF diz que, se todos os países conseguissem baixar a taxa de mortalidade para o nível dos países com rendimento elevado, 16 milhões de vidas poderiam ser salvas até 2030.