Quase duas semanas depois, ainda são avultadas as discussões em torno dos pronunciamentos dos ministros da Juventude e Desportos, Rui Falcão, e da Educação, Luísa Grilo, em relação aos angolanos que têm preferido emigrar, deixando o país por razões várias. As pessoas são livres de o fazer sempre que quiserem.
Não é em vão que existem pelo mundo fora diásporas que são autênticos orgulhos para os seus países, devido à contribuição que dão, assim como os resultados para as suas economias. Sem querer de modo algum entrar no mérito dos pronunciamentos feitos pelos governantes, não temos dúvidas de que a nossa diáspora é, sim, necessária. Aliás, não é em vão que se constitui até um ciclo eleitoral, o que tem feito com que os políticos lutem também pelos votos deste círculo.
Daí que se deve ter em atenção à diáspora. Porém, embora exista uma grande avalanche de indivíduos que pretendem emigrar, não se trata já de uma fasquia considerável se tivermos em conta o número de angolanos existentes, que hoje deve rondar os mais de 30 milhões.
Em todo caso, sem qualquer desprimor, gostaria imenso que a nossa diáspora, que vai aumentando, pudesse de certo modo ajudar o país, tal como outras africanas, com maior realce para a caboverdiana, nigeriana, somali e até eritreia.
Infelizmente, ainda sai mais dinheiro de Angola para sustentar a diáspora do que propriamente desta para atender determinadas necessidades a nível interno. É só olharmos para as remessas que vão sendo feitas para se ter noção do que vai ocorrendo há muito tempo, por conta também de uma certa elite que fez de Portugal e outros países na América e até África as razões das suas vidas.
Portugal, por exemplo, foi o espaço onde, durante largos anos, a elite angolana guardou o dinheiro desviado do país em variadíssimos esquemas de corrupção, além de, num determinado momento, ter sido também lá onde se efectuaram alguns negócios que acabaram por reverter a favor deste país europeu.
No final do ano passado, Angola recebeu de remessas dos módicos quatro milhões de dólares norte-americanos contra os mais de 50 milhões que saíram do país para o exterior. Seria bom demais se estes números se pudessem inverter, como ocorre noutros países. Mas, entre nós, não há dúvidas de que ainda vá sair muito mais daqui para lá do que de lá para aqui.