Na madrugada de 25 de Abril de 1974, tanques portugueses avançavam pelas ruas de Lisboa, enquanto no rádio, a canção “Grândola, Vila Morena” – interditada pelo regime – era a senha para o movimento dos capitães. Horas depois, a ditadura que por quase meio século governou Portugal com punhos de aço, liderada por Salazar e depois Marcelo Caetano, ruía sem disparar um tiro
Foi um levante militar, mas também profundamente popular. O povo saiu às ruas com cravos vermelhos, colocados no cano das armas, num gesto que baptizaria para sempre aquela madrugada como a Revolução dos Cravos.
Enquanto isso, nas ex-colónias portuguesas em África, onde a guerra contra o domínio colonial já se arrastava havia mais de uma década, a notícia chegou como uma avalanche. Angola, Guiné- Bissau e Moçambique estavam em plena luta armada. O fim do regime em Lisboa tornava inevitável o fim do império.
Para os angolanos, o 25 de Abril foi simultaneamente uma esperança e uma incógnita. Não se tratava apenas de ver o poder colonial ruir, mas de imaginar um novo país a nascer entre três grandes movimentos de libertação – MPLA, FNLA e UNITA – com his- tórias, ideologias e aliados internacionais distintos.
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