Foi com um sorriso que vi um comentário há dias relacionado com a ses- são de formatura dos novos agentes e quadros do Serviço de Migração e Estrangeiros, uma das mais apetecíveis e concorridas áreas do Ministério do Interior que, nos últimos dias, ganhou ainda mais visibilidade devido ao processo de saneamento que ocorreu há alguns meses.
Uma nota do Ministério do Interior realçava que se tratava do encerramento do 2.º Curso Básico de Ingresso na Carreira Específica do órgão, que colocou à disposição dos angolanos mais de três mil efectivos para se garantir de um atendimento célere de actos migratórios, bem como na melhoria da investigação e fiscalização de actos ilícitos nas fronteiras nacionais terrestres, aéreas e marítimas.
Enquanto estes milhares festejavam, dias antes, diante das instalações do próprio Serviço de Migração e Estrangeiros, em Luanda, centenas de jovens manifestavam-se por terem sido preteridos no processo de selecção.
Tratou- se de uma situação que visou, a dado momento, afastar determinadas ervas daninhas, uma vez que terão passado inicialmente pelo crivo indivíduos sem condições para integrarem tal serviço, embora exista igualmente entre estes aqueles que dizem ter sido vítimas de injustiças porque se consideram aptos.
Em todo o caso, embora seja um processo quase já encerrado, os dias que correm têm sido prenhes de imagens e festejos daqueles que conseguiram ter acesso ao SME e vão nos próximos tempos servir à Nação.
Neste rol de alegrias e tristezas, houve quem se tivesse lembrado de chamar a atenção de que se trata de um órgão do Ministério do Interior cujos proventos não fogem daqueles praticados noutros. Ou seja, os salários praticados tanto na Ordem Pública como nos Bombeiros. Mas nem por isso o SME deixa de ser um verdadeiro campo de batalha.
Nos últimos tempos, foram poucos os responsáveis da instituição que saíram com as imagens imaculadas, assim como até oficiais intermédios e até de base. O que se espera é que os novos integrantes, cujos rostos alegres vamos vendo nos últimos dias, sejam verdadeiros servidores do próprio Estado.
Não há dúvidas de que existam aqueles que se sintam apaixonados pelos corredores e os benefícios que o submundo da instituição proporciona para muitos que se deixam seduzir facilmente pelos caprichos da vida, mas a história tem demonstrado que a queda depois pode ser maior do que se imagina. E alguns dos recém-ingressados podem nem ter sequer tempo para aquecer as cadeiras em que se vão sentar inicialmente.