Vivemos na chamada Aldeia Global, conceito que desde a década de 1960 nos impõe, quer queira quer não, uma adaptação contínua aos novos formatos de comunicação. Ignorar ou resistir a esta realidade é colocar em risco a própria reputação e relevância, como ficou demonstrado no caso de William Henry Vanderbilt, em 1882.
Compreender os meandros da comunicação integrada, em pleno século XXI, deixou de ser um luxo e passou a constituir uma necessidade estratégica para qualquer entidade ou figura pública que pretenda manter-se pertinente.
Apesar do lema “Trabalhar mais, Comunicar melhor”, adoptado pelo Executivo em Setembro de 2022, por iniciativa do Presidente da República, João Lourenço, a realidade mostra que persistem falhas significativas no domínio da comunicação institucional.
A história de Vanderbilt, de que perdeu credibilidade devido à sua negligência para com a opinião pública, é um exemplo clássico das consequências de uma comunicação ineficaz. Quando tentou emendar o erro, já era tarde.
Hoje, casos semelhantes continuam a surgir, reflectindo-se em declarações infelizes e, pior ainda, em actos mal calculados de políticos e membros do Executivo.
Neste contexto, confiar que uma proposta de Lei vai resolver, por si só, o problema da ausência de comunicação é uma ilusão. As fake news vão continuar a circular e a ganhar espaço sempre que houver vazio comunicacional.
O combate eficaz a este fenómeno exige a adopção de uma cultura de comunicação proactiva, que antecipe os factos em vez de apenas reagir a eles.
Contudo, o futuro profetizado por Marshall McLuhan já é uma realidade. E se Nicholas Negroponte reconheceu a inevitabilidade dessa revolução, então torna-se imperativo que se reconheça a urgência da mudança de postura comunicacional.
Adiar esta adaptação é permitir que a desinformação se instale e que a reputação de instituições e líderes continue a ser corroída.
Por: OLÍVIO DOS SANTOS
*Consultor de Comunicação Integrada