Há uma magia especial no início de qualquer jornada. No desporto, essa magia nasce nos campos de terra batida, nas quadras improvisadas, nos balneários modestos onde se ouve o eco das primeiras instruções de um treinador de formação.
Em Angola, são milhares os jovens que encontram nesses espaços o embrião de um sonho… o sonho de se tornarem atletas, campeões, ídolos. E, por detrás de cada um desses sonhos, há sempre um treinador. Ser treinador de formação em Angola é um acto de coragem e resiliência.
É entrar em campo muitas vezes sem uma bola adequada, sem coletes suficientes, sem cones para os exercícios. Mas com o coração cheio de vontade.
Porque, mais do que formar atletas, esses treinadores estão a formar cidadãos. Estão a construir disciplina, a semear valores, a ensinar que no desporto, como na vida, se ganha e se perde, mas sempre com dignidade. São eles que identificam o talento bruto.
Que observam, num toque de bola desajeitado, a centelha de algo maior. São eles que corrigem, orientam, incentivam. Que estendem a mão quando o jovem vacila.
Que sabem quando é hora de puxar pela autoridade e quando basta um sorriso ou um abraço para reerguer a confiança. E, no entanto, o treinador de formação continua à margem da ribalta.
Os aplausos vão para os golos marcados nos grandes palcos, para os títulos levantados sob os holofotes. Raros são os que voltam os olhos para aquele que ensinou o primeiro drible, que incentivou o primeiro sprint, que acreditou antes de todos. Por isso, é tempo de exaltar a nobreza desta função.
De reconhecer que a excelência do nosso desporto começa com a qualidade dos nossos treinadores de formação.
Que investir na formação, na capacitação contínua, na valorização destes profissionais, é garantir um futuro desportivo sólido e promissor para Angola.
Porque nenhum campeão nasce campeão! Todos foram, um dia, pequenos sonhadores orientados por um treinador que, com esforço, paciência e paixão, os guiou no caminho da grandeza. E esse treinador de formação é e sempre será o verdadeiro herói do desporto nacional.
É por isso que se torna urgente repensar a valorização e o apoio a estes profissionais em Angola. Precisamos de mais formações, certificações, intercâmbios e, claro, melhores condições de trabalho.
A massificação do desporto no país só será bem-sucedida se, na formação, tivermos treinadores bem preparados e profundamente comprometidos com a causa.
Se quisermos ver Angola brilhar mais alto nas competições africanas e mundiais, devemos começar por apoiar com seriedade quem forma os nossos atletas desde os primeiros passos.
Afinal, como se constrói uma casa sólida? Começando naturalmente por uma base forte. É tempo de apostar mais nos treinadores de formação, eles são os verdadeiros semeadores dos sonhos desportivos do nosso país.
Por: Luís Caetano