Opinar nos dias de hoje tornou-se quase um crime de lesa pátria. Não importa o que se diz, há sempre alguém, numa esquina, com computador ou com olhos na tela de um telemóvel, ansioso em rebater tudo o que lê, escuta ou observa. Se for política, então acaba ainda por ser mais arriscado.
Há a turma do mata e esfola. a mesma que não admite opinião contrária quando estão em jogo os seus interesses, mesmo se confrontados com verdades sobre os seus apaniguados. Um elogio, por exemplo, é capaz de transportar quem o faz para o campo da bajulação, na visão dos que só vêem o mal e não são capazes de observar certos aspectos positivos da realidade.
Nesta segunda-feira, tivemos a oportunidade de ver uma reportagem sobre a Proiba, o mais recente investimento do empresário silvestre tulumba, uma das principais referências do momento.
Com um vasto património e negócios em vários domínios, o jovem vai lançar em setembro deste ano um dos maiores complexos industriais do país, que deverá fabricar massa alimentar, óleo de soja, bolachas, maionese, ketchup e bebidas diversas. empregando neste momento mais de 400 funcionários, maioritariamente nacionais, o complexo prevê atingir a cifra de 4 mil postos de trabalho directos e indirectos ainda este ano.
Um número considerável, tendo em conta os níveis de desemprego que assolam o país. Mais do que se ver a dimensão do projecto, feito por um angolano, e as suas externalidades positivas, em muitos círculos, as opiniões vão sendo desviadas para a proveniência do capital e outras insinuações que acabam por bradar aos céus. Longe do bom exemplo, vai-se tornando hábito buscar sempre fantasmas para assombrar – e fazer esmorecer – os intentos de quem procura fazer a diferença.
Angola, infelizmente, foi um dos países no mundo – e especialmente em África – que viu sair, por conta da corrupção, mais de 100 mil milhões de dólares. além disso, houve, durante os anos dourados da economia nacional e muitos antes, empresários, políticos (do partido no poder e alguns da oposição) que também se beneficiaram do bolo, mas são poucos os que terão dado mostras de que estes valores se reverteram para os angolanos, como um quase insignificante grupo de resilientes vai fazendo.
Há cerca de 10 anos, numa viagem de trabalho em Calueque, no Cunene, pude visitar um dos maiores projectos agropecuários aí implantados, cujas impressões digitais são do jovem empresário em causa.
E, depois de perto de uma década, isto é, entre 2016 e 2025, não me sinto surpreendido com o que vai agora apresentar aos angolanos em setembro próximo. E há motivos, sim, para nos manifestarmos satisfeitos, sobretudo porque, além de introduzir produtos da cesta básica em larga escala, poupando ao país divisas, será também um poiso para milhares de jovens. Pena é que, em Angola, infelizmente, nos últimos tempos, a maledicência é que faz ciência.