Saudações, caro coordenador! Passados 100 dias desde a entrada em funções da nova Administração de Belas, os problemas estruturais que assolam o município permanecem intactos. Entre as principais dificuldades, a falta de electricidade nos bairros que nunca beneficiaram da rede pública é um dos mais gritantes fracassos da Administração Municipal .
O caso do bairro Bela Vista é um exemplo emblemático desta negligência. Localizado nas proximidades da Paragem Obrigatória, este bairro nunca teve acesso à electrificação desdeasuaexistência.Centenasdemoradores vivem na escuridão, recorrendo a velas e candeeiros a petróleo para iluminar as suas casas.
Esta situação impacta directamente na qualidade de vida dos cidadãos e compromete aspolíticas de combate à fome e à pobreza, pois é inegável que a energia eléctrica é um factor essencial para o desenvolvimento económico e social. A precariedade não se limita ao sector eléctrico. Na educação, a realidade é igualmente desoladora.
O Bairro Bela Vista não possui qualquer instituição de ensino, deixando centenas de crianças sem acesso à educação formal. A solução tem vindo da solidariedade de uma jovem que, num terreno baldio, ensina voluntariamente mais de 300 crianças.
Enquanto isso, a Administração de Belas parece estar mais preocupada com a gestão de mercados, armazéns e a fiscalização de moto-taxistas do que com as reais necessidades da população.
A famosa máxima de Agostinho Neto, “O mais importante é resolver os problemas do povo”, parece ter sido engavetada pela nova Administração de Belas, que negligencia o sofrimento dos munícipes. No Bairro Bela Vista, jovens de 25, 28 e até 30 anos nunca viram uma lâmpada acesa em suas casas. Isto acontece num momento em que Angola se declara autossuficiente em termos energéticos.
A segurança pública também reflecte esta precariedade. A única esquadra da zona, localizada no Mundial, tem os seus efectivos mais preocupados em fiscalizar moto-taxistas e taxistas do que em garantir um policiamento de proximidade eficiente.
Os veículos da Polícia são frequentemente utilizados para transportar mercadorias das vendedoras ambulantes, enquanto os delinquentes continuam a ameaçar a segurança dos cidadãos. Diante deste cenário, questionamos: que legado a nova Administração de Belas pretende deixar?
Será lembrada como uma gestão que não trouxe melhorias significativas para a vida dos munícipes? É urgente que a Administração de Belas actue com responsabilidade e compromisso, garantindo serviços essenciais para todos. Não deixem morrer os sonhos destes jovens, que apenas desejam ver as suas casas iluminadas através da energia da rede pública e as suas famílias seguras.
POR: Osvaldo Manuel, jornalista
Luanda