O caminho para se alcançar a independência em Angola no dia 11 de Novembro de 1975 passou por vários momentos. Um deles é a revolta do 15 de Março de 1961, em que trabalhadores das plantações de café se insurgiram contra o regime colonial português na altura. No entanto, é uma data supostamente votada ao esquecimento. Ainda assim, conta com subsídios históricos de pessoas vivas, na província do Uíge, onde OPAÍS recolheu depoimentos
Num momento em que Angola vai completar meio século de Independência, importa realçar que o caminho para alcançar o grito de liberdade, no dia 11 de Novembro de 1975, foi longo. Assim, o ano de 1961 foi penoso para o regime colonial português. África era um continente em mu- dança.
A Independência do Congo Belga, hoje República Demo- crática do Congo (RDC), em 1960, acelerou ainda mais a vontade dos angolanos de saírem do jugo colonial. Por ser um período de viragem política decisiva, o Massacre da Baixa de Cassanje em Malanje, onde os camponeses iniciaram um movimento de protesto contra as desumanas condições de trabalho a que eram submetidos, e o 4 de Fevereiro com ataque à cadeia de São Paulo, em Luanda, deram o início à Luta de Libertação Nacional.
Nesse processo, na província do Uíge e do Zaire, a revolta de 15 de Março de 1961, encabeçada pela União das Populações de Angola (UPA), também entrou na luta pela Independência Nacional.
Neste sentido, a reportagem do jornal OPAÍS deslocou-se à cidade do Uíge e arredores, onde conversou com antigos combatentes que participaram directamente na revolta encabeçada por Eduardo Pinock, Francisco Borralho, Holden Roberto e outros.
No bairro Dunga, arredores da cidade do Uíge, no secretariado da FNLA, uma estrutura construída de adobe, com vestígios da era colonial e já desgastada pelo tempo, os mais velhos sentados na sombra de uma árvore, contaram os momentos mais duros que antecederam a revolta.
Era orientada a partir do Congo Belga e também das matas do Zaire e do Uíge por soldados devidamente orientados pelo movimento.