Quem não gosta de ler comentários quando se publicam determinadas coisas, sejam elas informações, notícias ou até mesmo anúncios. É algo surreal de se ver, dada a criatividade de alguns, alguns erros noutros momentos e aproveitamentos no sentido de se tirar partido.
Dias há em que, depois de completamente estafados por conta da agenda laboral, uma visita básica em conteúdos noticiosos de jornais, blogues ou – agora – nos chamados podcasts nos ajuda a levantar o astral, melhorar o humor e revigorar energias para continuar o trabalho.
Se não for sobre a vida pessoal das ditas celebridades, embora muitas não tenham sequer ainda atingido tal estatuto, são as informações sobre as acções do Executivo que acabam por cativar a atenção dos comentadores, cada um do seu jeito. Entre assuntos menos sérios e outras fakes, chama atenção para o facto de muitos se mostrarem menos disponíveis para discussões que possam agregar valor.
E não passa despercebi- da uma certa desilusão sempre que se coloca à discussão realizações governamentais ou me- didas que tenham a ver, de facto, com as vidas dos cidadãos. Ontem, durante uma conversa ao almoço, perguntei a um colega sobre o assunto e o que faz com que muitos dos nossos cidadãos não olhem com seriedade para muitos dos anúncios feitos ou até mesmo aos projectos colocados à disposição que se sabe que podem vir a impactar po- sitivamente no futuro de todos.
Sentem-se em muitos um certo desânimo. Uma pretensa descrença que os leva até a pôr em causa o que existe de palpável, sem recurso à lupa, uma situação que se torna assustadora em relação àqueles que se acredita que um dia venham a ser o futuro do país.
Por exemplo, quando se inicia um julgamento à dimensão do que está em curso desde a passada terça-feira, 10, há quem já ache que tudo vai dar no mesmo, ou seja, não se pode sequer esperar por justiça, cujo desfecho deverá ser mes- mo a condenação ou absolvição dos réus.
Para muitos, trata-se de algo encenado, acontecen- do o mesmo noutras esferas da vida. É notório que o país vive uma crise económica e social há anos, que se foi agudizando igualmente, mas este facto não pode sequer retirar em nós a capacidade de discernimento e olhar para as várias situações da vida pessoal, política, económica e social com algum raciocínio lógico.
A crise de descrença exige que se trabalhe muito para se repor o nível de confiança dos cidadãos. Muitas das vezes, não é necessário até que se tenha uma mesa farta para se poder dar a quem nos transmite uma certa informação uma certa dose de credibilidade, que parece estar a escassear em muitos círculos da vida política e social angolana.