Dezembro de 2024 entrou para a história do país como sendo o mês em que, pela primeira vez, um Presidente norte-americano, no caso Joe Biden, visitou Angola numa visita de Estado.
Mesmo que estivesse em fim de mandato, como se observou, o então líder norte-americano, substituído por Donald Trump, lançou bases para o melhoramento das relações entre os dois países, Angola e Estados Unidos da América, cujos resultados começam a ser evidenciados a partir de pronunciamentos de entidades ligadas às companhias dos dois Estados e de empresários em particular.
A reabilitação e extensão do Corredor do Lobito, uma iniciativa empresarial que Joe Biden visitou, foi desde sempre um projecto que chamou a atenção do Ocidente, mormente os europeus, mas que os Estados Unidos não quiseram que passasse despercebido igualmente.
Dizem alguns analistas que se tratava de um contrapeso à investida chinesa em África, concretamente na sua parte austral. Apesar deste interesse, o Corredor do Lobito tem estado às mãos da Lobito Atlantic Railway, o consórcio vencedor do concurso internacional para exploração do Corredor, no dia 4 de Novembro de 2022, que é formado pelas empresas Trafigura, Vecturis e Mota-Engil.
Esta instituição prevê, ao longo de 30 anos, aumentar a frequência diária para 50 comboios e garantir 1.600 empregos directos. Sem ter ainda atingido o pico que deseja em termos operacionais, embora se assista à circulação de comboios e à transportação de minerais, o Corredor do Lobito tornou-se numa fonte de empregabilidade directa e indirecta, possibilitando o sustento de famílias entre as províncias de Benguela, Huambo, Bié e Moxico.
Só por isso, a sua manutenção deve ser motivo de regozijo para qualquer angolano que se preze, contrariamente às hossanas e delírios maldizentes avançados por muitos por conta de uma pretensa suspensão de apoios feita pelo actual Presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, cujo temperamento e acções controversas já se vão evidenciando nas últimas duas semanas.
À semelhança do que ocorreu quando se anunciou o cancelamento inicial da visita a Angola do Presidente Joe Biden, houve também xinguilamentos até de responsáveis políticos de quem se esperavam outras acções, tendo em conta que se trata de um projecto para benefício comum.
Ainda bem que, prontamente, para que se evitassem mais especulações, o ministro dos Transportes veio aclarar o que se passou de facto: “a concessão operada pela Lobito Railway tem estado a fazer os seus investimentos, por via do capital dos seus accionistas, mas, obviamente, que o financiamento para cobrir todas as responsabilidades de investimento será feito por uma instituição de desenvolvimento americana”.
E Ricardo de Abreu acrescentou: “esta instituição norte-americana tem trabalhado com o Governo angolano, inclusive até ontem, pois não há nenhum indício de que esteja suspenso, como as notícias têm estado a circular.
A USAID, em particular, comparticipou e tencionava comparticipar no trabalho de estudos para a extensão do Corredor do Lobito para a Zâmbia, num montante de 250 mil dólares, mas que isso não põe em causa, de forma nenhuma, aquilo que tem sido o andamento do projecto que está a ser desenvolvido pela África Finance Corporation, em toda a sua dimensão”.