Se dúvidas ainda existiam, João Lourenço fez questão de dissipá-las na recente entrevista que concedeu à Jeune Afrique. O ainda Chefe de Estado angolano e Titular do Poder Executivo afirmou que “se o MPLA quisesse mudar a Constituição para permitir um terceiro mandato, já o teria feito em 2017, quando tinha maioria qualificada no Parlamento”.
As declarações de João Lourenço afastam, assim, qualquer intenção de concorrer à reeleição em 2027 e abriram espaço para um aumento de tom em relação às especulações sobre quem poderá sucedê-lo.
Aliás, nesta mesma entrevista, João Lourenço deixou um apelo a quem vier a sucedê-lo: “Deve ser alguém que venha servir o país igual ou melhor do que eu estou a fazer.
Alguém que faça o que eu estou a fazer, mas de preferência que faça ainda melhor do que eu estou a fazer”, disse, garantindo que continuará a servir o país.
Implicações da decisão e possíveis candidatos à liderança do país
O jurista e analista político Bali Chionga traçou um cenário da sucessão política do país, ressaltando os desafios que o futuro Presidente da República deverá enfrentar e os perfis que considera mais adequados para ocupar o cargo.
Na sua análise, elencou quatro pilares fundamentais que deverão guiar o próximo Chefe de Estado – nomeadamente a manutenção do Estado Democrático de Direito –, Luta contra a Corrupção, Diversificação Económica e aposta na juventude.
Bali Chionga sublinhou a importância da estabilidade institucional, apontando que o Presidente João Lourenço conseguiu preservar o Estado Democrático de Direito, afastando as especulações sobre um eventual terceiro mandato. “
Os futuros líderes africanos têm de ser capazes de preservar a dignidade constitucional”, afirmou, ressaltando que esta postura será essencial para se evitar a deriva autoritária”, destacou. A luta contra a corrupção, iniciada de forma mais incisiva no consulado de João Lourenço, deve continuar a ser uma prioridade para o próximo Presidente, segundo Bali Chionga.