Pessoas circulam de um lado para outro com sacos de compras. Passageiros embarcam e desembarcam em autocarros interdistritais (interprovincial). Consumidores estão reunidos nos diferentes restaurantes, cada um segura um tipo de bebida.
Um deles bebe um pouco da sua cerveja e parece sentir arrepio. Estremece o corpo e abrace-se imediatamente. Está um frio cortante. Estamos na entrada da Gare do Oriente, em Lisboa — um dos principais pontos de movimentação ferroviária e rodoviária da capital portuguesa.
São 20 horas. A temperatura está baixa e chega a atingir os cinco graus. É inverno, em Portugal. Mas, fora dos olhos de quem passa por aqui, está o túnel de acesso ao terminal ferroviário. Há um cenário assustador e comovente.
Um misto de emoções eleva-se ao passar-se por esta parte da Gare do Oriente, onde várias pessoas estão deitadas em camas improvisadas. Lençóis e mantas estendidos num banco de cimento a estilo de passeio.
Comprida — cabem aproximadamente dez lugares — a estrutura adaptada à cama tem cerca de 80 centímetros de altura e de largura. É aqui onde muitos imigrantes dormem, incluindo angolanos. No espaço estão dezenas de pessoas.
Muitas são portuguesas, talvez mesmo a maioria. Mas também há muitos imigrantes, desde marroquinos, paquistaneses e argelinos.
POR:Jaime Tabo, em Lisboa