O presidente do Conselho da UE, António Costa, e outros líderes europeus se preparam para uma reunião em Paris, para discutir a resposta à decisão do presidente dos EUA, Donald Trump, de iniciar negociações para encerrar a guerra por procuração de quase três anos da Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN) contra a Rússia na Ucrânia.
As negociações em Paris coincidem com preparativos para conversas presenciais entre diplomatas dos EUA e da Rússia na Arábia Saudita, focando em como responder às negociações rápidas e à demanda de Trump para que a Europa reduza a sua dependência do apoio militar dos EUA.
Trump anunciou negociações bilaterais com Putin para encerrar o conflito, alarmando capitais europeias que temem um acordo sem o seu envolvimento. Costa afirmou no entanto que, se Trump quer que os europeus assumam maior responsabilidade pela sua segurança, eles devem ser os principais actores na concepção da nova arquitectura de segurança. Seus comentários vieram após uma semana de anúncios surpresa do governo Trump, incluindo negociações na Arábia Saudita e um discurso do vice-presidente norte-americano J.D. Vance criticando os governos europeus.
O enviado de Trump à Ucrânia, Keith Kellogg, afirmou que os países europeus não teriam um assento à mesa nas negociações, mas as suas opiniões poderiam ser consideradas. Segundo o Financial Times (FT), os EUA solicitaram ainda informações às capitais europeias sobre armas, dinheiro e tropas de manutenção da paz que poderiam fornecer à Ucrânia para articular um plano pós-conflito.
“As negociações são entre beligerantes. É claro que é necessário negociar entre Ucrânia e Rússia. Mas esta guerra na Ucrânia não é apenas sobre a Ucrânia. É sobre a segurança europeia”, disse Costa usando os Países Bálticos e territórios no flanco oriental da UE como razões para Bruxelas participar das negociações.
Em paralelo às declarações de Costa, o secretário-geral da OTAN, Mark Rutte, afirmou que a Europa precisa deixar claro o que quer e pode oferecer nas negociações, destacando a necessidade de propostas relevantes e maior investimento, especialmente em relação à Ucrânia.