As duas localidades do interior, que ascenderam à categoria de municípios no âmbito da nova Divisão Político-Administrativa do país, estão situadas no Alto Maiombe, beneficiando de uma boa extensão desta floresta rica em recursos naturais.
No acto de apresentação dos respectivos administradores às comunidades locais, a governadora Suzana de Abreu defendeu a necessidade de “trazer a investigação científica para o Miconje”, abrindo o conhecimento sobre o Maiombe, segunda maior floresta tropical densa do mundo, para as novas gerações.
Por isso, segundo Suzana de Abreu, um dos administradores adjuntos do Miconje é uma investigadora académica que vai apoiar o município nos projectos ligados à investigação científica na região.
Para Suzana de Abreu, Miconje e Necuto são duas áreas no Alto Maiombe que têm grandes potencialidades que podem contribuir para o desenvolvimento da província no que tange à investigação científica e ao turismo ecológico.
“Podemos explorar muito mais aquilo que a nossa floresta tem, uma potencialidade enorme de vários recursos naturais que podem ser úteis à investigação científica e ao turismo ecológico.”
Segundo Suzana de Abreu, a investigação científica e o turismo ecológico devem estar agregados aos projectos estruturantes em curso na província, nomeadamente o aeroporto internacional, o projecto da refinaria e o porto de águas profundas do Caio.
“Esses projectos vão trazer para Cabinda um valor agregado se abrirmos os acessos e explorarmos melhor aquilo que são as potencialidades das nossas riquezas naturais.”
Miconje Miconje
esteve recentemente agregado ao município de Belize como comuna. Com a nova divisão político-administrativa do País, a localidade, que ascendeu à categoria de município, comporta três regedorias (Bulo, Caio Guembo e Kicumba – Congo), nove sobados e 41 aldeias. A sua população, estimada em 7 mil e 240 habitantes, dedica-se à actividade agrícola com o cultivo da mandioca, amendoim, feijão, e horticultura.
O desemprego é acentuado no Miconje e uma boa parte de jovens conseguiu emprego na empresa Mineração Luáli, que explora ouro na região. A principal dificuldade do Miconje são os acessos.
A principal via que liga as 41 aldeias dessa circunscrição está em mau estado, o que tem dificultado a circulação de pessoas e bens, sobretudo a evacuação dos produtos agrícolas para os centros de vendas.
O administrador Damião Pedro Panzo disse que a ascensão de Miconje a município marca uma era de progresso, desenvolvimento e de união para a região, prometendo levar uma governação de proximidade às populações e às comunidades.
“Esta decisão representa um marco significativo no desenvolvimento e na autonomia de Miconje para assumir um futuro mais próspero e inclusivo para os munícipes dessa histórica região”.
Damião Panzo disse estar consciente sobre os desafios que o município vai proporcionar, mas assegurou que não vai desistir porque em frente será o caminho certo.
Perante a governadora Suzana de Abreu, o administrador expressou a vontade de advogar junto do governo provincial na reabilitação da via de Alto Sundi, principal obstáculo que vai enfrentar na sua governação. “Vamos juntos, com espírito de união, construir um futuro promissor para o Miconje”, ressaltou.
Necuto
O Necuto, que deixa de ser uma comuna agregada ao município de Buco-Zau, possui 16 mil e 182 habitantes, cuja actividade primordial é a agricultura. O comércio floresce bastante na região devido à sua aproximação com a RDCongo.
Dois mercados que funcionam às quartas-feiras e sábados dão vida económica à localidade. A região carece, por enquanto, de infra-estruturas adequadas à categoria de município.
O actual administrador, Francisco Vany Nduli, em poucas palavras, prometeu dedicar o seu saber, empenho e entrega, diálogo e boa liderança para o bem-estar da população.
Na cerimónia de institucionalização dos municípios de Miconje e Necuto, a governadora de Cabinda manifestou a satisfação de colocar à frente das duas administrações os melhores quadros.
“São pessoas que já deram provas de que podem fazer uma boa governação de proximidade, estar com as nossas populações, saber ultrapassar os desafios e tornar essas zonas como municípios bons para se viver”.
Por: Alberto Coelho, em Cabinda