A ministra da Saúde, Silvia Lutucuta, refere que o Governo Central decidiu trazer a Benguela potenciais investidores da empresa farmacêutica brasileira EMS, um gigante na fabricação de medicamentos genéricos da América Latina, com histórico importante de exportação para Europa, África e Estados Unidos da América, para possível investimento.
Por esses predicados elencados, a governante considera importante ter esse tipo de investidores com interesse em estabelecer a indústria farmacêutica no país, uma vez que ainda se vive de importações. “Estamos a escolher fazer uma prospecção também aqui, na província de Benguela, sendo uma província com potencial económico muito grande.
Temos aqui o nosso corredor do Lobito e, portanto, temos que aproveitar aqui todas as vantagens que ele nos traz e os pólos industriais que estão sendo criados”, sugere Lutucuta, ao manifestar-se confiante de que a EMS vá mesmo investir cá nesse segmento sanitário.
“E se for aqui, em Benguela, ainda melhor”, projecta, assegurando que, ao materializar-se, o investimento há-de ser, em princípio, totalmente privado. Para além de Benguela, o gigante na produção de medicamentos fez prospecção em Luanda, mas a preferência das autoridades governamentais recai, em termos de investimento na indústria farmacêutica, para a terra das Acácias Rubras.
Sílvia Lutucuta dá, igualmente, conta de que a sua direcção tem estado a reforçar o sector na província de Benguela com um programa de formação, que se traduz na especialização de recursos humanos, e a construção de infra-estruturas.
Porém, a governante admite haver necessidade de se melhorar a logística de medicamentos, daí o país estar a convencer investidores (estrangeiros) para se instalar uma indústria dessa natureza na província. As dúvidas de que se a empresa vai ou não investir, manifestadas por Sílvia Lutucuta, foram dissipadas pelo representante internacional da EMS, Ricardo Marques, que tem Angola como o «palco» para a internacionalização do grupo em África, sobretudo nesses 60 anos de existência.
A ideia – justifica o responsável – é a de trazer para Angola toda a tecnologia brasileira nesse quesito, na perspectiva de se vir a proporcionar à população angolana acesso a medicamentos genéricos. Ele projecta três e quatro como o horizonte temporal para a instalação de uma fábrica de produção de fármacos em território angolano, na medida em que há um processo em curso que tem de ser observado.
Construção, início de operação, capacitação de quadros são, entre outros cursos, passos a se ter em conta. “Provavelmente, a gente vai conseguir antecipar alguns processos, iniciando os passos menos complicados aos passos mais complicados”, antevê, ao sinalizar que a carteira de investimentos depende da demanda, sendo certo que, por ora, se procede ao levantamento das necessidades e o que se pode oferecer, de modo a atender às necessidades da população. “Após isso, já teremos quanto é que custará uma fábrica aqui, em Benguela.
O que foi passado pelo Ministério é que Benguela pode- ria ser sim esse pólo e justificaria por todos os benefícios que Benguela tem proporcionado, seja logístico, seja também de capacitação do pessoal. Ao materializar-se, Benguela voltará a uma prática de produção de medicamentos que não é nova. Por via da falida Angomédica, empresa pública, a província já chegou a ser uma das maiores produtoras de medicamentos de Angola.
O governador de Benguela, Nunes Júnior, prefere olhar apenas para a possível geração de postos de trabalho, facto que pensa vir a contribuir para o bem-estar social. Júnior manifesta-se, deveras, satisfeito com o anúncio feito pelo grupo empresarial de, num futuro próximo, vir a investir nesse segmento da saúde. “Quando nós somos escolhidos, é sempre muito bom”, remata.
Quadro da cólera em Angola
A ministra da Saúde manifesta-se preocupada com o aumento de cólera, ocorrido na última semana, fundamentalmente na província do Bengo, e a permanência de casos em Luanda, sendo que, por esta altura, o país conta com nove províncias assoladas pelo surto. Luanda, Bengo e Icolo Bengo destacam-se por serem aquelas regiões com maior número de casos.
“Temos também a província do Cuanza-Norte, mas que, por esta altura, não temos nenhum caso activo. Temos a província do Huambo, Huíla e tivemos também casos na província de Malanje”, elenca a governante, ao apelar que não se baixe a guarda e que se continue a observar as medidas de saneamento básico e abastecimento de água potável à população.
POR:Constantino Eduardo, em Benguela