Mantém-se até hoje a velha dúvida sobre se ‘entre o ovo e a galinha’ quem terá nascido primeiro. Pessoalmente, creio que não há dúvidas de que o Criador terá inicialmente feito o animal e só depois a inspiração sobre a sua forma de reprodução.
Esta velha –e quase ultrapassada – frase tem servido de mote para que se indague sobre outras situações do dia-a-dia, incluindo aquelas mais cabeludas em que nos vimos envolvidos, como, por exemplo, agora o caso dos 7 mil milhões de kwanzas perpetrados por funcionários da Administração Geral Tributária (AGT).
A jovialidade dos acusados, quase todos na flor da idade, com pouco mais de 30 anos, vai levantando questionamentos sobre as influências que fizeram com que se assemelhassem a certos gurus que, no passado, eram apodados como comilões do erário, alguns dos quais acabaram até aos dias de hoje rotulados como corruptos por se apropriarem até de verbas das instituições que lideraram.
Por conta de uma maior e melhor formação académica, distante de alguns maquisardes e outros quadros de uma geração que se vai reformando, acreditava-se que estes mais novos pudessem se constituir numa espécie de reserva moral, disponíveis até para corrigir os males do passado. Infelizmente, em muitos casos, a ementa tem sido pior que o soneto.
Mais do que se imputar responsabilidades imediatas a esse grupo de jovens, muitos dos quais críticos ao anterior sistema e ao naipe de dirigentes, observase, igualmente, uma certa culpabilização da classe de políticos e dirigentes na forma como se geriu o erário e não se ter tornado num modelo aceitável para a geração vindoura.
Enquanto se apupa um grupo de quem se conhece também responsabilidades pelo elevado índice de corrupção, destruição do tecido económico e social do país, floresce, num campo oposto, um outro que se vai mostrando também predador, descrito por muitos como sendo mais voraz, devido aos estragos que vai criando em pouco tempo.
Mais do que o apontar de dedos, urge que se encontrem modelos que possam ainda devolver aos angolanos, sobretudo os mais jovens, o sentimento de comprometimento, respeito aos bens públicos – e alheios, assim como o desejo de atingir altos voos respeitando os procedimentos normais e legais. Haverá ainda modelos, certamente.
Mas, a cada dia que passa, com o aumento de informações à sociedade, também vão escasseando. É, sim, crucial que se movimentem então os poucos no sentido de que construir um país em que a apetência pelos recursos públicos não seja um modelo.
Principalmente por aqueles de quem se espera que venham a corrigir os males dos que pensavam que o cabrito tinha de necessariamente comer onde estivesse amarrado. Se necessário for, então que comecemos tudo de novo.