Os dados da Ordem dos contabilistas de Angola apontam para o registo de 5.345 contabilistas que podem assinar as demonstrações financeiras e 417 peritos contabilistas, Estes servem 200 mil empresas, enquanto 69 mil empresas no país carecem destes profissionais.
Na distribuição do número de contabilistas por províncias, Luanda lidera com 4.765 profissionais, enquanto a Lunda-Sul aparece na cauda com apenas um profissional com cédula.
O Ministério das Finanças, parceiro da Ordem, em diferentes momentos, admitiu a carência de contabilistas do mercado nacional. A distribuição por província mostra claramente o défice de contabilistas: Bengo 4, Benguela 226, Bié 33, Cabinda 63, Cunene 12, Huambo 103, Huíla 165, Cuando e Cubango 10, Cuanza-Norte 12, Cuanza-Sul 23, Luanda 4765, Lunda-Sul 2, Lunda-Norte 6, Malanje 20, Moxico 8, Namibe 45, Uíge 50, Zaire 10.
Segundo o economista Lopes Paulo, membro fundador da Ordem dos Contabilistas, em declarações ao OPAÍS, o défice vai agravar-se com a criação das novas províncias, no âmbito da nova Divisão Político-administrativa.
Mas este especialista entende que hoje, além do IMEL, que já formou muitos contabilistas, há muitos institutos de gestão, onde se pode ir recrutar finalistas e serem acompanhados pelas próprias empresas ou por escritórios, ensinando-as a prática que, segundo disse, é o critério da verdade. Lopes Paulo disse também que a própria Ordem dos contabilistas oferece formação profissional para aproximar o estudante ao dia-dia das empresas.
“É preciso ir às escolas buscar finalistas e pô-los a estagiar, até porque, para se ser contabilistas, não precisa ser técnico superior”, defendeu, salientando que, “antes de haver técnicos superiores, eram os técnicos médios que faziam fechos”.
Teoria vs prática
Na semana passada, o contabilista sénior Adilson Machado, durante a segunda edição da Conferência Nacional de Jovens contabilistas, considerou haver disparidade entre os conteúdos ensinados nas instituições e aquilo que os jovens que entram na profissão encontram na prática.
No entender do especialista, os contabilistas devem estar distribuídos por sector, defendendo que o contabilista que actua no sector imobiliário não pode, por exemplo, ser o mesmo que assina fecho de contas no sector da agricultura. “O meu número da ordem não devia dar acesso a assinar tudo.
Eu não devia ter acesso, por exemplo, a assinar as contas de um banco, assinar as contas de uma cooperativa agrícola, porque estes sectores têm especificidades próprias”, disse, durante a mesa-redonda sobre “a importância de integrar os diversos sectores da contabilidade para criar soluções inovadoras e sustentáveis no contexto actual e futuro”.
Para Adilson Fernando, a contabilidade geral não deve ser a base para o exercício da profissão, exemplificando os sectores mineiro e petrolífero como sendo alguns dos vários com especificidades próprias.
Questionada sobre o futuro da contabilidade no país, respondeu que a profissão seria “bem mais valorizada se os estudantes não fossem tão dependentes das universidades e das instituições de formação”.
Estabelecida desde 11 de Outubro de 2010, a Ordem dos Contabilistas e Peritos de Contabilidades de Angola (OCPCA) tem como objectivos a promoção do respeito pelos princípios éticos e deontológicos, a defesa dos interesses e contribuição para a formação e aperfeiçoamento dos membros, bem como a definição de normas e processos técnicos de actuação.
POR: José Zangui