Já me fartei da tua ausência, era-me trivial e prazerosa a tua falta de notabilidade em Luanda, ó lixo. Reapareceste como um tirano e sem dar tréguas, fazendo-se acompanhar de moscas, baratas e outros insectos como se tratasse de damas de companhia numa boda.
Ó lixo nauseabundo, sei que és um excelente credor, mas os teus devedores foram implacáveis contigo. Estamos cônscios de que os teus devedores devem-te e a mesma estima-se em 260 mil milhões de kwanzas. Faznos impunes da tua majestosa presença, a tua presença é um incómodo mortal, dá-nos presentes como problemas diarréicos, palúdicos e ambientais.
Os nossos tributos são infalíveis e não sabemos quem terá lixado o teu dinheiro, ó lixo, não nos agridas. Tornaste-te implacável tal como os teus devedores, atribuindo um certificado de incompetência a alguns cujos nomes são sagrados.
À semelhança de um omnipresente, tu estás em quaisquer circunscrições só para exigir o que te é de direito, até o solo da elite vê-se sob tua penúria. Lugar nenhum fica sem a tua soberana e irresistível presença.
Luanda vê-se nos grilhões do cheiro ruim e de um adoentado ornamento. Portanto, liberta-a devido ao seu mais recente aniversário passado. Estou indeciso quanto à tua saída, ó lixo, diriam os psicólogos, estamos diante de um conflito aproximação/aproximação, porque sobre ti, inúmeras famílias procuram objectos para pesar e alimentos, se fores, hão-de morrer à fome muitas delas! A decisão é tua, ó lixo nausebundo!
Por: ANTÓNIO RAIMUNDO