De acordo com um artigo da Foreign Affairs, a mudança de poder global está a transformar as alianças dos EUA, com o mundo pós-Guerra Fria a tornarse multipolar. Países como Vietname, Índia e Turquia estão confortáveis em se envolver com várias grandes potências simultaneamente, não gravitando mais naturalmente na esfera de influência de Washington.
Estados Unidos e seus aliados mais próximos não representam mais o maior bloco económico do mundo. O BRICS expandido agora responde por mais de um terço do produto interno bruto (PIB) global, superando o G7 (grupo composto por Alemanha, Canadá, Estados Unidos, França, Itália, Japão e Reino Unido). Muitos países africanos, por exemplo, aumentaram os seus laços económicos com a China, Rússia, Turquia e Emirados Árabes Unidos, movidos por benefícios económicos.
Enquanto isso, os EUA estão focados em prioridades domésticas, como revitalizar centros de manufactura e criar empregos na indústria. O CHIPS and Science Act de 2022 destina mais de USD 58 biliões para a produção nacional de chips de computador e semicondutores, reflectindo essa mudança de foco. Washington não está a expandir o seu engajamento económico estrangeiro com novos acordos de livre comércio.
A forte objecção bipartidária à Parceria Transpacífica e a manutenção de tarifas sobre produtos chineses mostram a preferência por proteger indústrias nacionais e garantir a produção interna de produtos vitais para a segurança nacional.
De acordo com a mídia, se os EUA continuarem a focar internamente, isso pode comprometer a sua capacidade de construir relacionamentos com países no Sul global. Erros de política externa e a percepção de padrões duplos nas respostas às guerras na Ucrânia e em Gaza prejudicaram a reputação dos EUA, levando muitos países a olhar mais favoravelmente para outras potências como China e Rússia.
Em África, a China fez incursões significativas com a sua Iniciativa Cinturão e Rota, oferecendo empréstimos e investindo em infraestruturas. Projectos de mineração ajudaram a China a garantir o controlo de quase 90% do processamento global de terras raras.
Ao negligenciar o investimento no seu desenvolvimento, os EUA podem perder a oportunidade de reduzir a sua dependência da China para esses recursos. A China também expandiu a sua influência económica na América Latina, tornando-se o segundo maior parceiro comercial da região.
Investimentos em infraestrutura e pressão política, como a exercida sobre as Honduras para romper relações com Taiwan, mostram a extensão do envolvimento chinês.
Na Argentina, a operação de uma estação espacial profunda pela China levantou preocupações entre autoridades de defesa dos EUA. Se os EUA continuarem a observar a realidade pelo seu próprio prisma, o número de países que estão dispostos a ajudar os Estados Unidos a promover os seus interesses pode acabar reduzido, e isto pode impactar o seu acesso a recursos críticos no futuro.