Angola é uma terra de rica diversidade cultural, onde as diferenças entre os povos representam não apenas uma herança histórica, mas também um alicerce para a construção da unidade nacional.
Esta diversidade, expressa em línguas, costumes, danças e crenças, constitui uma ponte que conecta o passado, o presente e o futuro do povo angolano. As manifestações culturais variam de região para região, elas formam um mosaico único.
Em Benguela, o povo Ovimbundo destaca-se pelas suas tradições agrícolas e pela forte oralidade, perpetuam histórias e valores por meio de gerações. Na Lunda-Norte, os Cokwe são conhecidos pela arte das máscaras, como a emblemática “Mwana Pwo”, que representa fertilidade e beleza feminina.
Em Luanda, os Ambundu celebram a vida urbana com o icónico Carnaval, enquanto no Uíge e no Zaire, os Bakongo valorizam práticas espirituais e agrícolas que os ligam à terra.
Cada uma dessas culturas adiciona uma peça ao puzzle que é Angola. Contudo, a diversidade também apresenta desafios, especialmente quando práticas etnocentristas surgem.
Essas atitudes, que elevam uma cultura em detrimento de outras, criam divisões desnecessárias, são ruins, promovem exclusão e desarmonia. Por exemplo, desvalorizar a riqueza espiritual dos Bakongo em favor das práticas urbanas dos Ambundu pode gerar ressentimentos que enfraquecem o tecido social.
Para transformar a diversidade em unidade, é essencial que se promova o respeito mútuo e a aceitação das diferenças como um valor fundamental. A diversidade cultural não é apenas um elemento de identidade, mas também um motor económico.
O artesanato dos Cokwe, a música tradicional Ovimbundo, a gastronomia Ambundu e outras expressões culturais são atractivos para o turismo e para a economia criativa.
Além disso, ao valorizar e investir em tais patrimónios, cria-se um senso de pertença nas comunidades, especialmente entre os jovens, que encontram no seu legado cultural motivos de orgulho e oportunidades de crescimento.
Para que a diversidade se mantenha como ponte para a unidade, é fundamental o papel do Estado e das instituições educacionais. Políticas públicas devem proteger línguas em risco, apoiar iniciativas culturais e promover a educação sobre as diferentes tradições do país.
As escolas, em particular, devem ser espaços onde a diversidade seja não apenas ensinada, mas vivida, elas devem encorajar os alunos a reconhecerem o “outro” como parte do mesmo povo. A verdadeira riqueza de Angola reside na capacidade de transformar as diferenças culturais em força colectiva.
Ao celebrar a diversidade e combater práticas de exclusão, Angola pode avançar como uma nação onde a cultura não separa, mas une. Que cada angolano veja na diversidade do seu país uma ponte para a unidade nacional, que cada um de nós compreenda que o respeito pelas diferenças é o que faz de Angola um exemplo de convivência rica e harmoniosa.
Por: João Ngumbe