A merenda mudou de nome. Agora virá sob a capa do Programa Nacional de Alimentação Escolar, um projecto que agora “prevê a distribuição de uma refeição quente, adequada à cultura alimentar das comunidades”.
Quem o diz é a própria ministra da Educação, Luísa Grilo, por sinal uma funcionária sénior da instituição e há muito ligada aos projectos em curso no sector.
Não tão distante do anterior projecto que se estava a implementar, ontem, no Conselho de Ministros, garantiu-se que o actual projecto visa “incentivar e garantir a frequência e permanência dos alunos e contribuir para o crescimento e o desenvolvimento biopsicossocial das crianças nas escolas”.
Na verdade, o programa agora em curso vem corrigir o que se pensava estar bem no passado, mas já se acreditava e muitos diziam que não iria funcionar durante muito tempo, devido aos elevados encargos, acrescidos ao afastamento dos bens que são, na realidade, essenciais para os alunos nas localidades em que se encontram.
Segundo a ministra, a alteração teve como factor as seguintes razões: “Fundamentalmente porque a merenda escolar não tinha os nutrientes necessários para o desenvolvimento integral das nossas crianças, por um lado.
Por outro lado, o programa de merenda escolar não abrangia todas as crianças nem todos os municípios, era um programa que acabava por discriminar a população escolar”.
Quando há poucos meses vi uma reportagem em que se distribuíam bolachas, chocapics e algumas merendas a um grupo de crianças no interior de Angola, escrevemos aqui, neste espaço, que se tratava de uma operação praticamente temporária se se tiver em conta as despesas inerentes ao modelo, entre as quais as de transportação desde as fábricas, portos, armazenagem, camiões, estradas e a própria distribuição.
De igual modo, nos questionamos sobre as razões que levaram à não inclusão de produtos nacionais, alguns dos quais de produção local, que não seriam fáceis de adquirir, mas sobretudo fornecer mais nutrientes aos alunos, como agora se alude.
A aposta em produtos locais, muitos dos quais constituem a base da alimentação dos beneficiários, tem ainda o condão de impulsionar a agricultura empresarial ou familiar nos municípios em que há produção, resultando em receitas para as famílias e evitar a degradação que se observa ainda em muitas situações por falta de escoamento.
A solução para a melhoria da qualidade e aumento de beneficiários sempre esteve à vista, enquanto alguns aumentavam as suas fortunas.
Durante anos, a Turma do Chocapic fez-se crer que era melhor para os alunos que se alimentassem de bens industrializados, sobretudo os que, na verdade, resultam sempre de operações milionárias que mais beneficiam os fornecedores, intermediários e outros no circuito em detrimento dos verdadeiros beneficiários: os alunos.