Se finais de Dezembro ou princípios de Janeiro estiveram sob a sina da nomeação de novos governadores para as províncias de Icolo e Bengo, Cubango e Moxico Leste, Fevereiro será o culminar da tomada de posse dos novos administradores municipais, oriundos igualmente das recentes circunscrições nascidas no âmbito da Nova Divisão Político-Administrativa.
Até hoje, permanecem as discussões, em determinados círculos, sobre a viabilidade do surgimento de mais municípios em certas províncias, questionando-se alguns se estariam de facto criadas as condições para se inverter as discrepâncias ainda existentes, algumas das quais criadas no modelo que extinguiu em 2024. Desde cedo, aprendemos que Angola é um país grande, rico e belo.
A beleza e a riqueza são dois factores inquestionáveis. Afinal, quem por este imenso território circula não tem dúvidas quaisquer do que lhes é dado a ver através dos mares, rios, lagoas, savanas, planícies e outras imagens que nos convencem cada vez mais do enorme potencial turístico.
De igual modo, também é praticamente impossível questionar as riquezas do país. É comum falar- se em mais descobertas de petróleo, diamante, ouro e outros minerais, o que alicerça a ideia em muitos de que estaremos perante um solo abençoado, contrastando enormemente com a situação socioeconómica dos seus habitantes, muitos dos quais ainda vivem debaixo da linha da pobreza.
Mesmo quando se pretende fazer crer que não exista tanto capital, os escândalos e determinadas despesas levam-nos a concluir que, provavelmente, não seja a falta de fundos, mas talvez as prioridades em determinados momentos e segmentos.
Mas é sobre a dimensão do país que muitos opinam a partir do que escutam e aprenderam sobre as dimensões do nosso território. Quem já teve a possibilidade de percorrer o país de uma ponta a outra tem, certamente, uma impressão diferente daqueles que ainda não tiveram esse prazer.
Há dias, numa conversa, algures pelo Norte de Angola, um amigo dizia que governar a partir de um escritório em Luanda – ou numa capital de outra província – é muito diferente daqueles que o fazem naqueles territórios mais distantes em que o desenvolvimento que se observa nos pontos ainda nem sequer começou.
É lá que milhares de jovens angolanos comprometidos, mesmo afastados das suas terras, optaram em trabalhar para que os concidadãos tenham acesso a uma saúde, educação e outros serviços melhores.
Lembro-me de um encontro de homenagem a estes, proporcionado por um antigo parlamentar em Malanje, a escassos quilómetros da região do Bié, em que vi à mesa jovens vindos de Luanda, Benguela, Huíla, Uíge e não só, onde deixaram uma vida para ajudar a construir outras vidas.
A estes, mesmo que sejam pagos pela deslocação, o país deve render uma homenagem, enquanto outros acotovelam-se por uma vaga nas principais capitais, ou até preferem o desemprego.