O início de cada ano é sempre sinónimo de renovação de esperanças, definição de metas, actualização dos objectivos e das eternas promessas de que poderemos, finalmente, realizar alguns sonhos, muitos deles postergados ao longo dos anos, “sine die”, os quais, aparecem na nossa lista de cada início de ano. Todos os anos fazemos promessas ambiciosas, como: “este ano vou perder peso”; “este ano vou eliminar a barriga-de-cerveja”; “este ano vou começar a aprender um novo idioma”; “este ano vou, finalmente, ler tal livro ou concluir tal curso”; “este ano vou deixar de beber, fumar, drogar-me, prostituir-me, mentir, corromper, mutilar”; “este ano, sem falta, vou finalmente voltar a estudar ou ser um bom cidadão”. Promessas que nos motivam a aspirar por melhorias, nem que sejam meramente imaginárias.
No início de cada ano, como se de uma profanação mental se tratasse, mentimos a nós mesmos, voluntariamente, com promessas recuperadas de anos anteriores, fracassadas, como um copy and paste mental do que não nos esforçámos para cumprir. Muitas promessas, perfeitamente ao nosso alcance, por incompetência nossa, tornam-se descabidas, irrealizáveis e transformam-nos em verdadeiros fracassados.
No início de cada ano, para não variar, prometemo-nos fundos e mundos. Prometemos tonar-nos melhores cidadãos, melhores filhos, melhores cônjuges, melhores pais, melhores trabalhadores e, quiçá, melhores seres humanos.
Prometemos, no início de cada ano, fazer tudo diferente e melhor, juramos de pés juntos esforçar-nos, com todas as nossas energias, mas logo logo, nos meses seguintes, nos esquecemos, somos fustigados pela correria do dia-a-dia e derrotados pelo vento da inércia e da falta de vontade inquebrantável para avançarmos com as mudanças e concretizarmos com coragem as promessas.
As promessas de início de ano são promessas de circunstância, apenas para confortar a nossa consciência, na maioria das vezes já em estágio terminal. São promessas fictícias, de contexto ou de bar, sem qualquer compromisso sincero e firme, que visam somente alimentar uma verdadeira patologia de mitomania de início de ano, como se quiséssemos, voluntariamente, enganar-nos a nós mesmos.
Assim que o relógio marca meianoite, cada um com a sua tradição, busca sorte para o novo ano. Muitos declaram solenemente o início da maratona para a busca e conquista dos sonhos e promessas a realizar, uns com o pé direito à frente, outros vestidos de branco, uns à beira-mar, alguns com rituais diversos, tudo para que o novo ano traga a realização das metas preconizadas. Inconscientemente nos impomos promessas e mais promessas de início de ano, sem fazer um compromisso rigoroso e sincero connosco mesmos para as cumprir.
Elas rapidamente caem num saco vazio e roto, em fundo falso ou na sarjeta imunda. Essas promessas, sem qualquer acção prática, concreta e consistente, sem aquela vontade única e inquebrantável de vitória, acabam por se transformar em belas mentiras, nas quais acreditamos porque nos sentimos bem momentaneamente, com a falsa ideia de que temos uma meta ou objectivo.
Fazemos listas enormes de sonhos repletas de promessas, mas logo após o início do ano nos esquecemos delas e nos afogamos nos mesmos erros e falhas que já estamos habituados a cometer no nosso quotidiano, ou seja, caímos na mesmice, no conformismo e deixamos de lutar por melhorias e progressos efectivos, que impactem positivamente as nossas vidas e metas. Conformamo-nos com o fracasso, sem fazer esforço algum para tornar a nossa promessa de final de ano realidade.
Como incompetentes, na maioria das vezes, da enorme lista de promessas não conseguimos cumprir nenhuma, pelo contrário, ganhamos mais peso; esquecemo-nos da leitura, do curso, do novo idioma; embriagamo-nos no poço do álcool; tornamo-nos piores cidadãos, piores pais, piores cônjuges, piores filhos; afogamonos no fumo activo do cigarro; racionalizamos cada vez pior o nosso tempo, os nossos recursos, as nossas relações e tornamo-nos péssimos gestores dos nossos já fracos e poucos recursos.
As mudanças decorrem primeiramente da convicção da necessidade de nos tornarmos melhores, mais produtivos, mais humanos, enfim, melhores pessoas. De nada valem promessas teóricas e infrutíferas de início de ano, se não tivermos um compromisso sério, justo e honesto com nós mesmos e com a nossa evolução.
De nada valerão as promessas de início de ano, se não partirmos para acção concreta, consistente e persistente, visando unicamente atingir as nossas metas e anseios. Promessas sem acção de nada valem.
Precisamos ter compromisso com o que prometemos, fazer uma análise realista e sincera dos nossos objectivos, desejos e sonhos. Sem acção não teremos promessas realizadas e concretizadas.
Este ano faça diferente, não faça promessas sem avaliar com honestidade as suas capacidades reais e o seu compromisso para as realizar. Que 2025 seja efectivamente o ano em que irá realizar e alcançar as suas metas e anseios.
Que viva intensamente o ano de 2025 e que os seus desejos e sonhos não fiquem meramente em promessas. Arregace as mangas, de forma determinada, e realize todos os sonhos e desejos que pretende realizar.
Que 2025 não seja uma mera promessa de melhoria. Faça um compromisso efectivo consigo mesmo, um pacto sincero, reconheça as suas limitações, os seus medos e incapacidades, mas não deixe de fazer tudo para garantir um ano melhor e mais produtivo.
Por: Osvaldo Fuakatinua
Feliz 2025