O Presidente panamiano recusou, ontem, que o Canal do Panamá tenha sido um presente dos Estados Unidos, depois de o chefe de Estado norte-americano, Donald Trump, ter ameaçado retomar o controlo do canal.
“O Canal do Panamá pertence ao Panamá e continuará a pertencer ao Panamá. O Canal do Panamá não foi uma concessão ou um presente dos Estados Unidos”, afirmou José Raúl Mulino, que está a participar no Fórum Económico Mundial de Davos, na Suíça, assegurando ainda que o seu país “não se deixará distrair por este tipo de declarações”.
No seu discurso de posse, na Segundafeira, Donald Trump reiterou a sua ameaça de retomar o controlo do Canal do Panamá, uma via navegável entre o Atlântico e o Pacífico construída pelos Estados Unidos, inaugurada em 1914 e transferida para o Panamá em 1999.
“Fomos muito maltratados por este presente insensato que nunca deveria ter sido dado. A promessa que o Panamá nos fez não foi cumprida”, afirmou Donald Trump, alegando que os navios norteamericanos estavam “altamente sobretaxados” nas suas passagens pela via.
O Presidente Trump afirmou ainda que “a China está a explorar o Canal do Panamá”. “Temos o direito internacional ao nosso lado” quanto à “nacionalidade e soberania” [do Panamá sobre o Canal], estará sempre do nosso lado”, disse, ontem, o Presidente Mulino, em Davos.
“Sinto que o Canal pertence ao Panamá, por direito próprio”, acrescentou. Nas suas declarações, o Presidente panamenho salientou que o Canal do Panamá é regido por um tratado internacional apoiado por mais de 40 países. “Há um tratado internacional multilateral.
Não se trata só do Panamá. Há mais de 40 países que apoiaram o protocolo de neutralidade”, acrescentou o chefe de Estado centro-americano. Questionado se poderia recorrer a esses outros países para fazer cumprir os regulamentos aplicados ao Canal, respondeu: “Claro.
O direito internacional deve ser obedecido e respeitado”. Mulino não quis especificar que acções irá tomar a este respeito, porque está agora focado na sua participação no Fórum de Davos e na sua visita a Itália e ao Vaticano, mas afirmou que irá analisar o caso com os seus conselheiros nacionais e internacionais.