No seu discurso, o diplomata chinês começou por destacar os marcos alcançados em 2024, com o 75.º aniversário da fundação da República Popular da China e o 25.º aniversário do retorno de Macau à pátria. Zhang Bin destacou ainda o desempenho da economia chinesa, que alcançou um PIB superior a 130 triliões de yuans, contribuindo com 30% para o crescimento económico mundial.
De acordo com o diplomata, estes avanços reflectem o compromisso da China com a inovação, a sustentabilidade e a cooperação internacional. No entanto, o ponto alto da sua comunicação foi a relação com Angola.
Desta feita, o embaixador celebrou a visita de Estado do Presidente João Lourenço à China em Março de 2024, que elevou os laços bilaterais ao nível de Parceria de Cooperação Estratégica Global, consolidada por meio de vários acordos de cooperação em áreas prioritárias, como infra-estrutura, comércio, agricultura e desenvolvimento sustentável.
Entre os destaques das iniciativas conjuntas, Zhang Bin referenciou o sucesso do Fórum de Cooperação Empresarial e Comercial entre a China e os Países de Língua Portuguesa, realizado em Luanda, que reuniu mais de 500 empresários.
O diplomata falou também da implementação dos grandes projectos de investimento chinês nos sectores da agricultura, indústria e mineração, que têm gerado impactos significativos no desenvolvimento local, com a criação de 42 mil empregos e capacitando 28 mil trabalhadores angolanos.
Outro marco importante foi a visita do navio-hospital “Arca da Paz”, que proporcionou mais de 6 mil 700 atendimentos médicos à população angolana. Além disso, dezenas de estudantes angolanos embarcaram para a China como parte do programa de bolsas de estudo do governo chinês, reforçando os laços nos sectores da educação e cultural.
Zhang Bin enalteceu o papel da comunidade chinesa em Angola, que, segundo o diplomata, tem actuado como uma ponte entre os dois povos.
“Por meio de iniciativas sociais, culturais e educacionais, as empresas chinesas têm ajudado a transformar a vida de milhares de angolanos, além de fortalecer a amizade tradicional entre as duas nações”, disse Zhang Bin.
Ao terminar, o embaixador desejou prosperidade e harmonia no “Ano da Serpente”, um símbolo de vida, sabedoria e abundância na cultura chinesa. Reafirmou o compromisso da China em continuar a ser um parceiro estratégico de Angola, promovendo um futuro de crescimento compartilhado e cooperação mútua.
Parcerias políticas e comerciais
Presentes no encontro, individualidades políticas e empresariais reafirmaram os resultados expressivos dessa parceria e os planos para um futuro ainda mais promissor. Norberto Garcia, representante do MPLA, sublinhou a relevância da aliança entre Angola e o Partido Comunista da China (PCCH) referindo que o foco transcende os interesses partidários, com as nações e os povos como principais beneficiários.
“A China é uma potência em crescimento, com milhões de empresas que oferecem grandes oportunidades para Angola. A coopera- ção estratégica entre os nossos países é sólida e está comprovada pelas visitas de alto nível e pelos resultados concretos”, afirmou.
Norberto Garcia reafirmou também a importância cultural desta parceria, reforçando que a diplomacia cultural é um pilar essencial para fortalecer as relações entre os povos. “A cultura une as nações e, cada vez mais, vemos Angola a projetar-se no mundo. Esta é uma demonstração clara de que a cooperação vai além do económico e toca aspectos sociais e culturais”, asseverou.
Balanço económico positivo
Por sua vez, Luís Cupenala, presidente da Câmara de Comércio Angola-China, apresentou dados que reflectem o impacto económico desta cooperação, referindo que, em 2023, o volume de trocas comerciais atingiu os 23,4 milhões de dólares, e em 2024 ultrapassou a marca dos 24 milhões.
“Isso mostra a consistência e o crescimento das nossas relações. A parceria estraté- gica completou 13 anos, e a coope- ração só tem a avançar”, disse Luís Cupenala. Destacou ainda o Fórum de Negócios Angola-China (FUNAC), cuja segunda edição está prevista para 2025, como um importante espaço para fomentar os investimentos e explorar recursos naturais angolanos de forma sustentável.
Entre os sectores prioritários estão a indústria de transformação e a tecnologia, com destaque para o papel da Huawei na formação de jovens angolanos nas áreas das TICs
Investimentos estratégicos e desafios
A Câmara de Comércio Angola- China destaca os investimentos, como a instalação de uma unida- de de produção de alumínio, avaliada em 1,6 mil milhões de dólares, com a previsão de criar até 12 mil empregos até 2030. “Estes investimentos demonstram o compromisso chinês com o desenvolvimento de Angola.
No entanto, há desafios a serem superados, como o respeito às leis trabalhistas e a necessidade de maior diversificação nos sectores de actuação dos investidores chineses no país”, concluiu.