Cantando em Olunyake, língua do povo Nyaneka-Humbe que habita municípios como Lubango, Humpata, Quipungo, Chibia, Quilengues e Hoque, na província da Huíla, o jovem artista busca preservar e divulgar a riqueza cultural dessa etnia.
Aos 28 anos, o músico afirma que prefere compor em Olunyake como forma de apoiar o projecto do Governo de introduzir línguas locais nos currículos escolares, dada a escassez de material bibliográfico disponível.
Segundo o músico, a cultura do povo desta província localizada na região sul do país é extremamente rica, desde os hábitos e costumes, aos vestuários, alimentação, dança, oralidade, casamento e estilo de vida.
De igual modo, as nossas danças transmitem mensagens específicas sobre a nossa riqueza. “Por exemplo, os penteados das mulheres Nyaneka indicam sua idade, estado civil e posição dentro do casamento.
Como artista, sinto-me na obrigação de passar essas informações nas minhas músicas. Apesar da iniciativa governamental de incluir a língua Nyaneka nas escolas, ainda faltam livros e músicas que contribuam para sua massificação”, destacou.
Embora reconheça o trabalho de artistas locais na valorização das línguas regionais, como os Vaketu, Akapana, Gil Malenga e Quim Pátria, Miacu acredita que falta apoio para a promoção desses trabalhos.
“A mídia e os promotores de eventos precisam dar mais visibilidade às nossas obras. Isso é essencial para alcançarmos os objectivos de preservação e valorização cultural”, afirmou.
Miacu tem músicas gravadas no estilo Tchissulúlu, característico dos povos Nyaneka-Humbe, que combina diferentes instrumentos e traz mensagens destinadas a todas as idades e classes sociais.
Suas composições abordam relações entre gerações, homens e mulheres, e governantes e governados, refletindo aprendizados de seus ancestrais. Caçula de 16 irmãos e marido de quatro mulheres, Miacu também encontra inspiração em sua vida no interior.
Revelou que sua trajectória de superação, marcada pela perda do pai em 2010 e o período em que chegou a viver nas ruas, moldou sua perspectiva de vida e suas letras. “Sempre falo sobre o respeito aos pais e a importância de buscar riquezas com responsabilidades”, disse.
Por: João Katombela, na Huíla