No âmbito das celebrações deste 50.º aniversário da Independência Nacional, a rubrica “O jovem e a Independência” desta edição traz a visão do jovem professor Mafuta Malanda “Júnior”.
O povo angolano celebrou no mês de Novembro de 2024 49 anos da sua Independência Nacional, de igual modo, prepara-se para comemorar neste ano os 50 anos da Independência. Enquanto jovem, que análise faz destes 50 anos da Independência Nacional?
A nossa independência foi alcançada à custa de muito sacrifício e derramamento de sangue dos filhos dessa pátria que, não querendo continuar sob o jugo colonial, decidiram arrancar à força a independência das autoridades portuguesas. Diferente de outros países africanos, em Angola, três movimentos lutaram para a independência, e as divergências entre eles, a influência, bem como os interesses das duas superpotências levaram-nos à guerra fratricida que durou cerca de 27 anos. Apesar da guerra, podemos fazer um balanço positivo, porque não existe nada melhor do que um povo independente, soberano e dono de si.
Os ganhos da Independência Nacional até aqui alcançados têm si- do preservados pelos angolanos?
Acredito que sim, na medida em que nenhum angolano gostaria de ver o país a ser novamente colonizado. Todos nós, independentemente da nossa raça, etnia, cor partidária e confissão religiosa, temos a obrigação de preservarmos os ganhos da independência, pois, junto com a paz alcançada em 2002, são os maiores acontecimentos desde o ano de 1975 até aos dias de hoje.
Há 49 anos que o povo angolano é soberano e livre da opressão colonial portuguesa. Acha que a reconciliação nacional entre os próprios angolanos foi consolidada?
A reconciliação nacional é um processo, e temos que envidar esforços para que se torne realidade. Os militares fizeram a sua parte e, neste órgão de Estado, podemos afirmar categoricamente que a reconciliação é um facto. Quanto aos políticos, pensamos que ainda temos um caminho longo a percorrer e cada um é chamado a perdoar, de maneira que vivamos em harmonia para o bem do nosso país.
Todos os angolanos, de Cabinda ao Cunene, são chamados a participar da grande celebração dos 50 anos da Independência Nacional. Entretanto, olhando para as dificuldades de vida que aumentam a cada dia, acha que o povo se revê nessas celebrações?
Com as dificuldades que estamos a enfrentar, não conseguimos acreditar que o povo se revê nas celebrações dos 50 anos de independência, pois, mais do que comemorar meio século de independência, o cidadão deseja ter pão na mesa, deseja igualmente que a cesta básica baixe, assim como deseja um salário condigno que satisfaça as suas necessidades básicas.
Os milhões de kwanzas alocados para as comemorações do quinquagésimo aniversário da nossa independência fariam mais sentido se fossem destinados para a melhoria do nosso sistema de saúde, para a construção de mais escolas para as nossas crianças, pois muitas delas estudam em condições deploráveis e outras encontram-se fora do sistema de ensino, assim como seria melhor usar essas verbas para melhorar o sistema de abastecimento de água e fornecimento de energia eléctrica, e ainda prestar atenção especial à agricultura, transporte e telecomunicações.