Os dados da EMIS – Empresa Interbancária de Serviços S.A destacam a crescente adopção de serviços financeiros digitais no país, impulsionada por uma maior digitalização do sistema financeiro.
De acordo com o relatório mensal da EMIS, o crescimento de 8,8% no valor processado em relação ao mês anterior reflecte a intensificação das operações financeiras no período natalício, tradicionalmente marcado por um aumento de consumo e movimentação de recursos. Comparativamente ao ano anterior, o crescimento de 25,0% de- monstra a consolidação das plataformas transaccionais no comportamento económico dos angolanos.
No âmbito das transferências a crédito, um total de 33.338 operações foram compensadas, totalizando 1,5 mil milhões de kwanzas. Este segmento registou um aumento de 7,0% face ao mês anterior e de 8,3% em relação ao período homólogo. Conforme os dados da EMIS, este desempenho é atribuído à maior confiança dos utilizadores nos serviços digitais e à ampliação da rede bancária em diferentes regiões do país.
Por outro lado, as transferências instantâneas tiveram um crescimento no mês de Dezembro, e foram realizadas 697.298 operações, correspondendo a um valor total de 18,2 milhões de kwanzas. Este segmento destacou-se pelo crescimento exponencial de mais de 999% em relação a Dezembro de 2023, consolidando-se como uma alternativa ágil e prática para transacções de baixo valor.
Garantir presença em todas regiões
O economista Eduardo Manuel considera que a transformação digital tem potencial para promover maior inclusão financeira, sobretudo nas regiões mais remotas, e estimular a transparência e a eficiência nas transacções económicas. Para o especialista, o crescimento das transferências instantâneas reflectem o comportamento financeiro dos angolanos, pelo facto destes demonstrarem a necessidade de adquirirem recursos financeiros e de efectuarem pagamentos de bens e serviços, em períodos muito curtos.
Para sustentar este ritmo de crescimento transnacional e garantir a inclusão financeira em todas as regiões do país, disse, o sistema financeiro angolano deverá garantir maior presença das instituições financeiras em todas as regiões do país. Garantir que todas as instituições financeiras tenham liquidez financeira e meios humanos e técnicos, para satisfazer a for- te procura dos serviços bancários, sobretudo aqueles que são solicitados via online.
E melhorar, entretanto, a qualidade de prestação de serviços ao cliente, tendo em conta que os clientes têm cada vez mais acesso a informação e são mais exigentes. Ainda não é um indicador de recuperação económica, por- que ainda registamos taxas altas de inflação e da taxa de câmbio do dólar em relação ao euro.
Contudo, a sustentabilidade deste crescimento depende de investimentos contínuos em infra- estrutura tecnológica e na segurança dos sistemas, garantindo a confiança dos utilizadores no ambiente digital.
Uso de cheques baixa mais de 87%
Enquanto os meios digitais avançam, o uso de cheques continua a diminuir. Durante o período, foram compensados 247 cheques interbancários, totalizando 1,01 mil milhões de kwanzas, e arquivados 6.034 cheques interbancários no Arquivo Central de Imagens (ACI). O volume total de cheques em circulação no Sistema de Compensação de Cheques (SCC) registou uma redução de 4,8% em relação a Novembro e de 87,1% face a Dezembro de 2023.
Essa tendência de queda no uso de cheques reflete uma mudança estrutural no comportamento financeiro, com os consumi- dores a preferirem métodos digitais pela sua conveniência e eficiência. Os resultados de Dezembro, segundo a EMIS, destacam não apenas a recuperação económica, mas também a crescente modernização do sistema financeiro angolano.
POR:Francisca Parente