São vários os relatos de cidadãos que, muitas vezes, se sentem mais preocupados perante os agentes da Polícia por falta de confiança em relação a estes. É que, ao invés de transmitirem aos mesmos algo bom, estes tornam-se piores que os algozes que todos os dias se pro- curam evitar nas ruas, becos, estradas e noutros pontos.
Só por isso, em determinados momentos, até mesmo agentes zelosos da corporação acabam molestados. Tudo porque alguns dos seus colegas se tenham transformado em ameaças em certas alturas, razão pela qual as consequências acabam por ser extensivas, embora não devam.
E restaurar esta confiança dos cidadãos na corporação é uma tarefa árdua que exige de todos os responsáveis do Ministério do Interior uma entrega para que, em qualquer sítio em que se observe um homem fardado, as pessoas se sintam verdadeiramente seguras. São inúmeros os casos que acabaram por ensombrar a imagem da corporação.
Aliás, estamos lembrados de que, antes da actual liderança do Ministério do Interior, surgiram várias acusações, algumas das quais extremamente comprometedoras, capazes de criar repulsa a cidadãos de boa fé. Talvez por isso, quando tomou posse como ministro do Interior, Manuel Homem elencou como tarefa fulcral restaurar essa imagem um tanto quanto molestada a nível dos vários órgãos da corporação.
As informações que vinham do Serviço de Migração e Estrangeiros, os meandros do recrutamento, pagamentos de salários atrasados, as promoções e não só ainda constituem matérias que, se bem espremidas, darão azo a inúmeros processos, penalizações e até mesmo expulsões. É só vermos o que aconteceu há poucos dias.
Uma alta funcionária do SME detida por suposta corrupção. No SIC, alguns efectivos invadiram a residência de uma cidadã, apropriaram-se do dinheiro que esta possuía, em kwanzas e dólares, sem que tivessem um mandado ou alguma orientação para que assim procedessem.
É bom saber, hoje, que muitas destas acções não estejam a ficar impunes. Nem o tempo entre a denúncia e a intervenção das próprias instituições é longo como se via, algumas vezes até com manobras dilatórias envolvidas.
Aos poucos, sem receios, o ministro do Interior vai impondo a sua marca. E, seguramente, actuando naqueles segmentos em que os cidadãos almejam, o que acaba por restaurar também a imagem de uma instituição às vezes mal compreendida, sobretudo quando se age em legítima defesa.