Caro coordenador do jornal OPAÍS, saudações e votos de feliz Natal e um próspero Ano Novo! Mesmo à distância, a cumprir uma missão de trabalho no Bié, sou leitor assíduo do vosso jornal. No entanto, uma questão me está a preocupar no município do Chitembo, desde que arrancou o ano lectivo.
O primeiro semestre terminou e muitos pais, por conta do cultivo nos campos, não permitiram que os meninos fossem fazer as provas do primeiro trimestre. O nível de absentismo foi tão alto que as autoridades locais estão preocupadas e quem pagará essa factura, no futuro, eventualmente, serão as crianças hoje, amanhã adultas.
O que mais me intriga é que os pais e avôs preferem colocar na cabeça dos meninos que os alimentos, os quais são cultivados no campo, têm mais valor do que a escola. As autoridades do Estado e tradicionais devem fazer um trabalho de mobilização e mostrar que uma parte dessa geração está a ser academicamente mutilada.
É que as turmas ficaram mais vazias do que cheias, isso está a preocupar a direcção das escolas que muito fazem para manter os professores em actividade. O acesso e a qualidade do ensino público em Angola já são tão precários e tais pais e avós ainda incentivam os meninos a não irem para escola, no sentido de se dedicarem ao cultivo ou à agricultura.
Esta situação deve merecer atenção até do Governo Provincial do Bié, como também dos próprios pais, que devem ser responsabilizados por tais actos que violam os direitos da criança em Angola.
POR:Luís Jagas, Cuito