Findo o I Trimestre — 24/25 — chegou a hora da colheita. O momento exacto para separar o trigo do joio. Mas, a prova é uma régua direita para tal? E será mesmo pertinente separálos? A prova não é, a priori, em si mesma, a questão do nosso exercício, porém, o seu papel atribuído.
Dito de outro modo, questionamonos sobre a aplicação da prova como o modelo-mor de avaliação da aprendizagem dos alunos, que é, no fundo, uma tentativa de se escalonar a turma, numa disposição de bons alunos e alunos medíocres.
Assim sendo, como classificar o nível de compreensão dos conteúdos pela aplicação de provas e, consequentemente, de atribuição de notas? As notas são referenciais fiéis a que nos possamos apoiar para certificar que o aluno aprendeu? O resultado da prova pode ou não ser manipulado por factores internos e externos ao aluno? E o mar de questões é inesgotável.
Segundo Azevedo (2010, p. 128), “torna-se difícil defender um modelo avaliativo centrado exclusivamente nos resultados e em informações de natureza quantitativa”.
Por outro lado, é, ainda, possível, hoje, uma análise que nos encaminhe à conclusão da aplicação da prova como uma estratégia CHAVE e INFALÍVEL de ajuste de contas, onde o ilustre professor procura descarregar todas as imensas frustrações — quer intra ou extra sala de aula — aos alunos. Tal inevitável conclusão, faz-nos questionar a pertinência da prova no âmbito da avaliação da aprendizagem a cada terminar de um trimestre.
Será que a prova é um instrumento que prova o estado real da turma no que a consolidação dos conhecimentos e dos valores transversais diz respeito? E, se sim, o porquê das longas abordagens sobre a falta de qualidade do processo educativo? A prova não seria uma régua para medir também a acção do ilustre professor, dando-lhe uma visão sobre a realidade da turma, e pela qual deveria se orientar? Ora, a avaliação da aprendizagem não tem a função exclusiva de classificar o aluno, por meio da aplicação de provas e de atribuição de notas. Todavia, é muito mais amplo que o esforço de classificar ou criar uma régua divisória: entre o muito bom, bom, suficiente e o medíocre.
O processo de avaliação da aprendizagem não ocorre apenas num momento específico do processo educativo, mas acompanha o professor desde o começo até o fim da sua prática docente, sendo parte fundamental da prática pedagógica. Como muito bem destaca Chueiri (2008, p. 52): “A avaliação, como prática escolar, não é uma atividade neutra ou meramente técnica, isto é, não se dá num vazio conceitual, mas é dimensionada por um modelo teórico de mundo, de ciência e de educação, traduzido em prática pedagógica”.
Portanto, é momento de se pensar em modelos integradores, numa avaliação cada vez mais reflexiva, que permita cumprir, pelo menos, segundo Pendanx, citado por Azevedo (p. 129), “duas funções principais: uma social, ligada à certificação das aprendizagens (no uso cotidiano); uma função pedagógica, por meio da qual o aluno e o professor ficam a conhecer o estado do processo de aprendizagem” — parênteses nosso. E aqui fica reiterada a questão: SE A PROVA NÃO PROVA, VALE?
Por: ROIDY CAMBAMBE