O evento foi organizado em coordenação com o Rei Dyba Ngola Anjungo, neste dia em que Njinga Mbandi, soberana do Ndongo e Matamba, completa 361 anos desde a sua morte”.
O 17 de Dezembro de 1663 é relembrado como a data do desaparecimento físico da Rainha Njinga Mbandi, heroína que liderou o Reino do Ndongo e Matamba na luta de resistência contra a ocupação dos invasores estrangeiros.
O coordenador provincial de Luanda da Corte do Reino do Ndongo e Matamba, João Casola, referiu que o 17 de Dezembro é uma data significativa para o povo angolano, por se tratar do dia da nacionalista Njinga Mbandi.
Segundo o responsável, a homenagem visou reconhecer o legado da mesma, através desta acção que levou à reflexão o povo angolano a história da Rainha que entrou como combatente da paz.
“A nacionalista governou os Reinos do Ndongo e Matamba durante o período em que os seus territórios estavam sendo invadidos pelas tropas portuguesas, em 1623 a 1663”, destacou.
João Casola sublinhou que a diplomata usou os seus meios para combater o poder colonial português em Angola, razão pela qual dedicam esse momento a ela, pelos seus feitos em prol da paz no país.
Ao falar do Reino do Ndongo e Matamba, liderado actualmente pelo Rei Dyba Ngola Anjungo, referiu que corresponde a uma unidade territorial histórica pertencente aos Reis Ngola, cujo território vai desde Malanje, Cuanza-Norte, Bengo, Luanda, parte dos territórios de CuanzaSul, Lunda Norte, Bié e Uíge.
No quadro da configuração territorial actual da República de Angola, disse, é um verdadeiro símbolo do poder, da tradição e dos valores histórico-culturais do País.
Relembrar outros nacionalistas
Este encontro, que teve como destaque a homenagem a Njinga Mbandi, serviu também para relembrar outros nacionalistas como Ngola Kiluanje, pai de Njinga, que resistiu à ocupação do território africano pelos portugueses, que estavam fortemente interessados no comércio de escravos.
De igual modo, foram ainda destacados outros heróis, em particular o Primeiro Presidente de Angola, António Agostinho Neto, que proclamou a Independência de Angola, a 11 de Novembro de 1975, de jure e de facto de Portugal.
A soberana
Mwene Nzinga Mbandi ou Ana de Sousa foi a rainha reinante do Reino do Dongo entre 1624 e 1626 e fundadora e rainha do Reino da Matamba, reconhecida por Portugal como Ana I e reinando de 1631 até sua morte em 1663.
Nasceu em 1582, na região do Ndongo, cujo território abrangia regiões das actuais províncias de Malanje, Cuanza-Norte, Bengo, Luanda e parte dos territórios do Cuanza-Sul, LundaNorte, Bié e Uíge.
Foi uma importante estrategista militar e política durante a presença portuguesa nas regiões correspondentes à actual Angola, onde reinou por 37 anos e se tornou uma heroína na história de Angola, sendo até hoje lembrada pelos seus feitos.
Reconhecimento O legado de Njinga Mbandi é perpetuado de várias formas. Em Luanda, uma estátua em sua homenagem está localizada na entrada da Fortaleza de São Miguel.
Em 2013, por ocasião do 350.º aniversário de sua morte, o Banco Nacional de Angola cunhou moedas de 20 kwanzas com sua imagem, e os Correios de Angola lançaram um selo comemorativo.
No Brasil, a rainha é celebrada em festas populares, e seu nome inspirou a criação da Associação Cultural Ginga Brasil Capoeira. Nos Estados Unidos, seus feitos são lembrados como símbolo de resistência à escravidão, reforçando a importância de sua história para as gerações futuras.
Uma das principais ruas de Luanda, onde se situa a sede da Edições Novembro, leva o seu nome e, na mesma cidade, encontrase uma estátua no Largo do Kinaxixi. Também a principal universidade pública de Malanje leva igualmente o seu nome.