Segundo o ministro das Relações Exteriores de Angola, embaixador Téte António, que falava no final da reunião, os avanços no diálogo já atingiram um estágio significativo, com 99% do acordo das discussões concluído.
Contudo, avançou, que permanecem as divergências em relação à missão e ao método de trabalho do facilitador no processo, dificultando a convergência sobre o último parágrafo do acordo.
O chefe da diplomacia angolana referiu que a reunião debateu três pontos essenciais, nomeadamente o desengajamento das forças militares envolvidas no conflito; a neutralização das FDLR (Forças Democráticas para a Libertação de Ruanda), grupo armado que opera na região; e o tratamento da questão do M23, uma milícia que continua a gerar tensões entre a RDC e o Ruanda.
Por outro lado, segundo ainda Té- te António, o tratamento do tema do M23 foi dividido em três sub- pontos: “O mecanismo para lidar com a questão, que deverá seguir o pro- cesso de Nairobi”; “A personalidade do facilitador, com consenso em torno do ex-presidente Uhuru Kenyatta” e “A missão do facilitador, ponto sobre o qual ainda existem diferenças entre as partes”.
“Enquanto uma parte defende negociações directas, a outra sugere um método de mediação mais flexível, como a diplomacia de ‘shuttling’, onde o facilitador actua como mediador indirecto entre as partes”, explicou o ministro.
Papel de João Lourenço na mediação
Téte António ressaltou o papel central do Presidente João Lourenço, que tem liderado os esforços de pacificação ao propor o alinhamento entre os processos de Luanda e Nairobi, uma recomendação também apoiada pela União Africana.
“O Presidente João Lourenço teve a sabedoria de consultar as partes envolvidas a fim de definir os próximos passos, visando uma solução para a estabilização do leste da RDC”, afirmou.
Apesar das divergências sobre o papel do facilitador, houve, segundo o ministro o consenso sobre a importância de Uhuru Kenyatta como mediador, dado o seu histórico e a confiança depositada pelas partes no processo de Nairobi.
A reunião deste domingo foi mais um esforço que visa construir um entendimento comum entre as partes e avançar na pacificação da RDC. No entanto, dada a complexidade do tema, algumas decisões foram adiadas para permitir maior reflexão e coordenação.
O encontro reforçou o compromisso da região em enfrentar os desafios impostos pelos grupos armados, em particular o M23, e a busca de soluções duradouras para estabilizar a RDC. “Qualquer evolução será comunicada oportunamente, mas esta consulta foi um passo importante para a pacificação”, concluiu Téte António.