O presidente da academia, Job Samissende, recordou em declarações a este jornal o momento decisivo que levou à inclusão do andebol nas actividades da instituição.
“A ideia era abrir apenas para o futebol, mas percebemos que Cacuaco carecia de uma equipa de andebol. Foi então que decidimos juntar o útil ao agradável”, começou por dizer.
O ponto de virada ocorreu durante um fórum realizado na Mediateca Zedu, em Luanda, onde o patrono da academia teve a oportunidade de se encontrar com a presidente da Associação Angolana a Mulher e o Desporto (AMUD) e antiga atleta da Selecção Nacional de andebol, Justina Praça.
“Expliquei o nosso projecto e depois veio visitar nossas instalações e ficou bastante encantada com a proposta”, lembrou o responsável. Desde então, a parceria frutífera entre a academia e Justina Praça tem sido fundamental para o crescimento e desenvolvimento da modalidade dos sete metros naquela circunscrição do país.
Actualmente, sublinhou, a academia não apenas introduziu o andebol no município, mas também se tornou uma referência na modalidade. “Posso afirmar sem medo de errar que se hoje temos andebol em Cacuaco é graças a Justina Praça”, acrescentando que a presença da antiga glória da selecção angolana trouxe credibilidade e motivação para as crianças e adolescentes que sonham em brilhar nas quadras tanto a nível nacional quanto internacionalmente.
Com um total de 55 atletas treinando na academia, referiu, as actividades são voltadas especialmente para meninas com idades compreendidas entre os 7 e 16 anos.
Job Samissende destacou que os trabalhos realizam-se às terças, quartas, sextas e sábados. Nos sábados, salientou, os treinos são reservados para jogos de carácter particular, proporcionando às jogadoras uma experiência prática e competitiva.
Para ingressar na academia, revelou, as interessadas precisam apresentar alguns documentos, nomeadamente cópia do bilhete de identidade, cartão de vacina e um termo de responsabilidade assinado pelos pais.
Job Samissende afirmou que a mensalidade está fixada em 1000 kwanzas, destinada a suprir algumas necessidades da academia. “As contribuições dos encarregados das atletas é que têm suprido as necessidades das atletas uma banana, sumo e sandes”, assinalou.
Jogadoras arriscam a saúde por amor à modalidade
O patrono da Academia Desportiva de Cacuaco, Job Samissende, expressou o seu descontentamento com as precárias condições de treinamento enfrentadas pelas suas jogadoras.
Fez questão de assinalar que as atletas têm treinado numa quadra pertencente à Escola 4027 que foi cedida pela Administração Municipal de Cacuaco.
No entanto, destacou que o espaço apresenta problemas estruturais que têm colocado em risco a saúde e o desempenho desportivo das praticantes. “Temos vindo a fazer um sacrifício enorme para treinar nesse espaço. Diariamente, nossas atletas saem lesionadas e com feridas devido ao estado do pavimento”, afirmou.
Salientou que a falta de manutenção adequada no pavilhão tem gerado um ambiente inseguro durante os trabalhos. “O pavimento está esburacado e sem condições adequadas.
É, na verdade, uma situação que não apenas afecta o desempenho das jogadoras, mas também levanta preocupações sobre a saúde e segurança delas durante as actividades”, acrescentou.
Diante desse cenário, Job Samissende revelou que a necessidade de uma quadra própria se torna cada vez mais urgente. “Precisamos o mais depressa possível de um espaço adequado para garantir que as nossas atletas possam treinar em boas condições.
Temos solicitado entidades privadas e públicas, mas sem sucesso até ao momento”, afirmou. Afirmou que tais dificuldades têm condicionado o seu pelouro a implementar a categoria masculina. “Só iremos implementar a classe masculina quando tivermos melhores condições de trabalho. Os masculinos têm outros custos”, finalizou.
Job Samissende: “O nosso maior objectivo é competir no Campeonato Provincial de Luanda de andebol”
Job Samissende fez questão de referir que o seu pelouro sonha em competir no Campeonato Provincial de Luanda. Destacou que, apesar das condições precárias enfrentadas pela academia, o grupo tem trabalhado com dedicação e empenho para alcançar esse objectivo.
Além de competir no campeonato provincial, o presidente revelou que um segundo objectivo é participar do Campeonato Nacional. O presidente expressou a determinação da academia em ombrear com as melhores formações do andebol nacional, ressaltando que não se trata de uma simples aspiração, mas sim de um compromisso sério com a qualidade e o desempenho.
No entanto, para transformar esses objectivos em realidade, Job Samissende destacou a necessidade urgente de melhores condições de trabalho e um sistema financeiro robusto para cobrir as despesas das competições.
“Temos produtos de qualidade na nossa academia e pretendemos competir no Provincial e Nacional. Acreditamos que temos capacidade para se bater de igual para igual com as melhores equipas do nosso andebol. Para tal, precisamos de melhores condições porque os custos das provas são elevadíssimos”, sublinhou.
Academia estabelece regras rigorosas para atletas
A Academia Desportiva de Cacuaco, sob a liderança de Job Samissende, implementou um conjunto de regras rigorosas que todas as jogadoras devem seguir.
O patrono assinalou a importância da disciplina e da educação no desenvolvimento das atletas, afirmando que a academia prioriza valores que vão além da modalidade.
Entre as normas estabelecidas, está a proibição de frequentar festas nocturnas e usar roupas consideradas inadequadas, com saias curtas e blusas fora dos padrões estabelecidos.
Essas directrizes, segundo o dirigente, visam garantir que as jogadoras mantenham uma conduta adequada tanto dentro quanto fora das quadras. “Queremos formar não apenas atletas, mas também cidadãs responsáveis”, começou por dizer.
Além das regras de vestuário e comportamento social, a academia também exige um bom desempenho acadêmico. Job Samissende disse ainda que as jogadoras são obrigadas a manter notas altas em suas escolas, reflectindo o compromisso da instituição com a educação.
“Acreditamos que o sucesso no desporto deve andar lado a lado com o sucesso académico”, disse. O presidente deixou claro que as jogadoras que não cumprirem com as directrizes estabelecidas são sancionadas.
Referiu que essa abordagem disciplinar é vista como uma forma de reforçar os valores da academia e garantir que as atletas se comprometam com seu desenvolvimento.
Direcção da ADC sem retorno financeiro com saída de atletas
A Academia Desportiva de Cacuaco, liderada pelo presidente Job Samissende, anunciou que três atletas da instituição foram transferidas para o Petro de Luanda.
As jogadoras Diana Cabral, Alice Bongo e Natividade Manuel deixaram a academia em busca de novas oportunidades em uma das melhores equipas do país, sendo que as mesmas têm trabalhado nos escalões de iniciados e juvenis.
No entanto, destacou que a saída daquelas jogadoras não trouxe retorno financeiro para a direcção da academia. Job Samissende justificou que as jogadoras saíram principalmente como uma forma de divulgar as actividades e o potencial da academia.
“Embora estas saídas sejam um reconhecimento do nosso trabalho, não conseguimos obter um retorno financeiro que beneficiasse nossa instituição. Mas elas saíram como forma de publicitar os nossos trabalhos”, explicou.
Com o objectivo de garantir uma compensação justa pelas futuras transferências, a academia decidiu implementar uma nova política. Assim sendo, os clubes interessados em contratar atletas da academia terão que pagar um valor pelo passe das jogadoras.
Job Samissende disse que essa mudança visa valorizar o investimento feito na formação das atletas e assegurar recursos financeiros para a continuidade dos projectos da academia.
“Essa medida é fundamental para fortalecer a estrutura da academia e possibilitar melhorias nas condições de treinamento. Queremos que os clubes reconheçam o valor das nossas jogadoras e do trabalho que realizamos aqui”, afirmou.
Por: Kiameso Pedro