No âmbito das celebrações do 49.º aniversário da Independência Nacional, a rubrica “O jovem e a Independência” da presente edição traz a visão do jovem Narciso Mbangui.
Enquanto jovem, que análise faz destes 49 anos da Independência Nacional?
A análise que faço é de altos e baixos, pelo facto de, depois de alcançarmos a independência, haver uma guerra civil que derramou muito sangue. E, em 2002, com a conquista da paz no dia 4 de Abril, começava uma nova era para o povo angolano, onde foi visível, no olhar de cada compatriota, a esperança em dias melhores com a reconstrução desta Angola devastada pelo conflito armado.
Os ganhos da Independência Nacional até aqui alcançados… sente que têm sido preservados pelos angolanos?
A paz conquistada em 2002 foi o maior ganho do povo angolano depois da Independência. E penso que, apesar das dificuldades económicas e sociais que se têm registado ao longo destes anos, esse ganho tem sido preservado pelos angolanos. Devemos continuar a desenvolver acções que enalteçam essas conquistas para que as próximas gerações conheçam a nossa história.
Há 49 anos que o povo angolano é soberano e livre da opressão colonial portuguesa. Acha que a reconciliação nacional entre os próprios angolanos foi consolidada?
A reconciliação nacional é importante para que se alcance a paz, o desenvolvimento e a democracia de um país, pois permite a construção de uma sociedade mais justa e harmoniosa.
Agora, respondendo a essa questão, diria que muito ainda temos de fazer para que, efectivamente, possamos consolidar a reconciliação nacional, na medida em que ela representa um compromisso que se deve assumir rumo ao desenvolvimento humano e sustentado.
E todos teremos que encontrar o nosso espaço e participar desta reconstrução de que o país tanto precisa, independentemente das nossas convicções. Importa realçar ainda que a reconciliação passa também pela valorização do capital humano.
Todos os angolanos, de Cabinda ao Cunene, são chamados a participar, no próximo ano, na grande celebração dos 50 anos da Independência Nacional. Entretanto, olhando para as dificuldades de vida que aumentam a cada dia, acha que o povo se revê nessas celebrações? Apesar de todas as dificuldades, penso que todos nós devemos nos sentir parte integrante destas celebrações.
De Cabinda ao Cunene, do Lobito ao Luau, devemos incluir todos sem excepção, principalmente os jovens, isso também é reconstrução nacional, tal como abordamos há pouco tempo.
Deve-se dar uma atenção especial à juventude, porque, diante do cenário que se vive hoje, muitos são os jovens que não se revêem nas celebrações, pois entendem que o país pouco ou nada faz para que essa franja da sociedade tenha o devido reconhecimento, daí estarmos a ver muitos deles a abandonar o país em busca de outras oportunidades. As pessoas de direito devem criar políticas activas que visem a inserção de jovens naquilo que é o desenvolvimento do país.