Na primeira impressão, parece até ser uma ideia muito ilusória e enfim, descabida. Afinal, somos todos seres autônomos, pessoas livres e por conseguinte donos dos nossos próprios actos e termos e falas.
Assim, pensar que as pessoas é que ditam o que teremos de falar, francamente, pare e ser algo muito aquém da realidade. Em primeira instância consideremos que o grande objectivo da comunicação (citando Borregana), é possibilitar a transmissão de informações, dados e pensamentos de uma pessoa para a outra.
Assim, isto quer literalmente dizer que num processo interativo só existe verdadeiramente comunicação quando ambas as partes (Locutor, Locutário ou interlocutor), compreendem os signos linguísticos que revestem a afirmada conversação. Assim, cada falante precisa enquadrar a sua fala e o seu respectivo modo de pensar, as realidades e condições do seu receptor.
É isto que pensava Ferreira (2019), quando afirma que são precisamente os ouvintes que fazem a língua. ou seja, na intenção de tornar cada vez mais perceptível a sua língua aos ouvintes, os falantes criam códigos e produzem diversos enunciados.
Indo a diante, precisamos consentir que a capacidade que cada falante tem de tornar isso possível, ou seja de produzir enunciados linguísticos que se enquadram ao nível de compreensão do ouvinte, chamam-se competência linguística, e quando este consegue conceber uma retroalimentação numa interação em que ambos se encaixem, chama-se competência cominicativa.
Em ambas realidades, como é evidente, é sempre a condição ou a realidade do ouvinte que dá vida a fala do emissor. deste modo, o desvio da fala seria s produção de qualquer enunciado ou forma de linguagem que não aplica a capacidade de descodificação do receptor.
Assim, não podemos afirmar com segurança que é como se diz, são os falantes que formam e determinam a forma e o conteúdo da língua. Antes disso, são efectivamente as condições a ele exposta, a realidade em volta, as situação do cenário comunicativo que em todo o caso padroniza a comunição do emissor.
Assim, o que normalmente conhecemos como níveis de linguagens, no qual o aparato comunicativo dos falantes se adaptam as condições expressa de realidade interativa, são na verdade mera vítimas do ouvinte, visto que por ele, com ele, e através dela é que ocorrem estas variações na nossa comunicação. Portanto, nós efectivamente só falamos mesmo o que as pessoas nos dizem.
o que eles nos dizem sobre a sua capacidade, sua formação, condição social e profissão, isto impacta a nossa forma de com eles interagir, e portanto falamos puramente com base em cada destes padrões.
Para ser mais concreto, quantos de nós, tivemos que evidentemente descer a nossa estrutura frásica ao falar com uma criança? quem nunca teve de despir-se diante de uma zungueira ou de um senhor idoso? quem nunca teve que falar com base no nível de percepção que eles (os ouvintes)nos ditaram que alcançam durante a nossa conversação.
Assim, se de facto isto ocorre, ora, já não eu quem falo, mais sim as situações dos espaços interativos que me exponho. ora, já não falo como gostaria, mas sim em virtude daquele que partilha perto de mim, a respectiva circunstâncias interativa. Portanto, fica certo considerar, que são efectivamente os nossos ouvintes que fazem a nossa língua, ou seja, por assim dizer, nós Só Falamos o que as pessoas verdadeiramente nos dizem.
Por: Sampaio Herculano
Coordenador do Clube de Língua Portuguesa da Mediatéca do Cazenga