Entre 67 nações, no evento ocorrido em Novembro, no Vietname, Salvador chegou ao Top 20, depois ao Top 10, seguindo ao Top 8 e, por fim, ao Top 4, até conquistar o tão honroso terceiro lugar nesta competição mundial.
Por ser o único africano entre os finalistas, o angolano foi também eleito Mister África, juntando-se a figuras que se destacaram em concursos semelhantes, em palcos internacionais, como Leila Lopes, vencedora do Miss Universo em 2011, e Micaela Reis, primeira-dama no Miss Universo e Miss Mundo África, em 2007.
Como Mister África, o também modelo terá como missão visitar os vários países que compõem o continente berço, com o objectivo de conhecer e promover as suas culturas. Crisball afirmou ter recebido mensagens de felicitações de cidadãos de diversos países, como africanos, europeus e americanos, pela conquista considerada um facto inédito para Angola. “É um marco histórico para o continente africano, especialmente para o povo angolano.
Essa classificação, esse prémio é como se fosse a abertura de um novo caminho, de uma nova era para os africanos. Fizemos história, Angola fez história”, descreveu. Quanto às felicitações recebidas, lamentou o facto de poucos angolanos demonstrarem interesse pela sua conquista, que eleva o nome do país além-fronteiras.
Como exemplo, mencionou o concorrente do Quénia, que ficou na oitava posição e foi recebido no seu país como um rei, tendo sido premiado com uma viatura. Salvador entende que essa manifestação ocorreu porque o Quénia, assim como outros países, vive da moda e valoriza tanto estes eventos quanto a cultura em si.
“As mensagens mais marcantes não chegam dos meus irmãos angolanos, mas sim de outros africanos: do Quénia, Moçambique, GuinéBissau, Sudão, Etiópia, Egipto. No nosso país, a moda não é valorizada; ainda não sabem o peso e o valor dessas classificações que conquistamos além-fronteiras”, destacou.
Traje típico inspirado nos primatas
O traje típico, inspirado no homem primitivo, concebido por uma estilista angolana, retrata um pouco da história dos africanos, especialmente dos angolanos, que na antiguidade viviam apenas da caça. Crisball acredita que esta obra de arte tenha contribuído significativamente para a sua classificação no Top 20.
Descreveu este momento como um dos melhores desta jornada, em que pôde mostrar ao mundo detalhes sobre a era primitiva, através de um look que considera ter combinado perfeitamente com a sua estrutura física.
“Acho que o traje típico ajudounos muito a chegar ao Top 20, porque é também um outro concurso dentro do concurso. O meu porte físico também ajudou e, graças a Deus, conseguimos fazer história”, afirmou.
Desafios
Um dos maiores desafios neste processo disse ser as críticas e falta de apoio, tanto da população do seu país como de fazedores de moda locais. Disse que alguns não aprovaram a sua participação no casting do Mister Mundo Angola, argumentando que não deveria concorrer após ter participado de outro concurso de modelos na Tailândia, onde ficou apenas no Top 20.
“Acho que um dos maiores desafios foi manter-me focado durante a fase de preparação em Angola, conseguindo essa estabilidade para representar o país neste concurso. Não foi fácil, porque muitas pessoas tentaram torturar-me psicologicamente. Simplesmente estragaram a minha simpatia, mas não conseguiram destruir a minha identidade, porque o meu valor é inestimável”, declarou.
Projectos a serem implementados
Ao falar sobre os seus projectos, Salvador destacou a criação de um centro de acolhimento para crianças que vivem/se encontram na rua, algo que considera essencial, dado o défice de espaços que proporcionem conforto e orientação às crianças. “Enquanto Mister África, enquanto angolano, enquanto ser humano, farei de tudo para que, no futuro, consiga construir um centro de acolhimento para essas crianças. Quero evitar que cresçam desorientadas e, futuramente, se tornem uma ameaça para a sociedade”, sublinhou.
O Mister África também pretende combater o índice de desemprego, trabalhando em colaboração com órgãos superiores para incentivar os jovens a investir em sectores como a agricultura. Crisball deseja ainda apoiar mães que enfrentam instabilidades e que, por vezes, abandonam os seus filhos.
“Quero criar um espaço onde essas mães saibam que podem deixar os seus filhos em segurança. Apesar de ser um projecto vasto, o meu foco no momento é criar o centro de acolhimento. Esse é o meu maior sonho”, destacou.
Responsabilidade
Como Mister África, Salvador afirmou ter a obrigação de trabalhar com todos os comités centrais de África ligados ao concurso Mister World, desenvolvendo o seu projecto social não apenas no seu país, mas em todo o continente.
“É uma tarefa muito grande. Por isso, precisarei não só do apoio dos angolanos e dos órgãos superiores, mas também da colaboração dos países que visitarei, onde pretendo levar a minha ação social.
Esse é, na verdade, o meu propósito e o meu dever como Mister África”, frisou. Explicou que, devido à sua classificação, irá receber uma lista de regulamentos e obrigações que deverá seguir, incluindo tarefas a cumprir a nível continental.
Entre essas obrigações, destaca-se a visita à maioria dos países africanos, onde irá trabalhar e conhecer as suas culturas, para posteriormente apresentar na Inglaterra um relatório final do trabalho realizado, em formato de filme. “Serei um defensor do continente africano no que diz respeito à moda, à empatia e aos trabalhos relacionados com a cultura.
Tenho de elevar a cultura africana além das fronteiras. É um trabalho árduo que assumo como Mister África, e por isso digo que precisarei muito do apoio de todos. Mas estou certo de que coisas boas estão por vir”, afirmou expectante.